Passados pouco mais de três meses, o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, permanece preso numa cela improvisada no Batalhão de Aviação Operacional, no Guará, cidade a 16 quilômetros de distância da Esplanada dos Ministérios.
Está 12 quilos mais magro. Deprimido, não vê a hora de ir para casa no bairro do Jardim Botânico, em Brasília, onde agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), ontem, apreenderam 55 pássaros e multaram Torres em R$ 52,5 mil por prestar informação falsa.
Entre as espécies recolhidas, estão 45 bicudos, 3 canários-da-terra, 2 tiê-sangue, 4 curiós e 1 azulão. Em fevereiro último, Torres já havia sido multado em R$ 54 mil por conta de irregularidades. Na ocasião, o Ibama encontrou cerca de 60 aves silvestres. A defesa dele diz que as irregularidades estavam sendo “solucionadas”.
A Procuradoria-Geral da República deu parecer favorável ao pedido da defesa de Torres para que ele fique preso em casa mediante uso de tornozeleira eletrônica. Disposto a colaborar com a Justiça, Torres entregou a senha do seu celular que diz ter perdido nos Estados Unidos, e também as dos seus e-mails.
Agentes da Polícia Federal que já começaram a acessar a memória do celular do ex-ministro contam que há registros ali de conversas dele com o senador Flávio Bolsonaro, o governador Ibaneis Rocha e outras autoridades da República. Parte da história conhecida do golpe fracassado de 8 de janeiro terá de ser reescrita.
*Blog do Noblat