A orientadora educacional Juliana Andozio, que trabalha na Escola de Educação Básica de Muquém, em Florianópolis, foi afastada de suas atividades após ser alvo de perseguição e violência política. As informações são do jornal Catarinas.
O caso teria iniciado após Juliana ter sido alvo de um processo administrativo que havia sido instaurado para apurar a conduta da servidora, que segundo o processo, teria faltado “com ética profissional”, fazendo “doutrinação político/partidária” e “referindo-se aos alunos como homofóbicos e machistas”.
“O que eu não fiz, nunca violaria o direito de uma criança dessa forma”, disse Andozio.
Após a instauração do processo ela buscou atendimento no Nepre da Coordenadoria Regional da Grande Florianópolis, que tem como função apoiar na prevenção de violência através da mediação de conflitos.
“Eu coloquei a minha situação e, a princípio, eles tinham entendido. Só que neste ano, essas mesmas famílias viram que eu estava na escola e procuraram a Secretaria da Educação falando de doutrinação ideológica, que eu estaria implantando banheiro unissex na escola e sexualizando crianças”, contou a servidora.
No dia 10 de fevereiro, após o início do ano letivo, uma mãe ameaçou agredir a servidora. A SED decidiu afastar a servidora por 60 dias, como medida de precaução e em nota informou que o afastamento é sem prejuízo na remuneração da profissional. Uma semana depois, 17 de fevereiro, a decisão foi divulgada no Diário Oficial. Mais sete dias passaram para a publicação da Portaria que estabeleceu o processo administrativo disciplinar (PAD) para apurar a conduta dela.
Novamente por meio de nota, a SED informou que, atualmente, a etapa de junção de provas, documentações e testemunhos está sendo realizada. Após análise, uma comissão constituída por profissionais da Coordenadoria Regional de Educação pode sugerir a absolvição e o arquivamento do processo, ou uma advertência, suspensão de até 30 dias ou demissão da servidora.
Luiz Carlos Vieira, secretário de assuntos educacionais do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Santa Catarina (Sinte-SC) e secretário de imprensa e divulgação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), acompanha o caso.
Vieira afirmou que o departamento jurídico do Sindicato está atuando em defesa da orientadora, por entender que não há provas objetivas contra a servidora.
“O que existem são fofocas em grupos de WhatsApp, fake news, pressão de pessoas da comunidade que vão dentro da escola com questões infundadas e que tentam agredir a Juliana”, disse.
Apesar do processo administrativo estar legalmente correto, conforme a análise do Sinte-SC, Vieira acredita que antes de abrir a sindicância, a SED deveria ter ido até a escola verificar a situação e buscar que o Nepre da Coordenadoria Regional aplicasse medidas para amenizar os conflitos na comunidade escolar.
*Por DCM