De volta ao Brasil, Bolsonaro vai começar a acertar as contas com a lei

De volta ao Brasil, Bolsonaro vai começar a acertar as contas com a lei

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Pelos planos que Jair Bolsonaro e seus apoiadores acalentaram por vários meses, a essa altura do ano ele estaria comandando uma autocracia no Brasil. Seja pelos votos ou por meio do golpe tentado no dia 8 de janeiro, Bolsonaro teria todo poder para continuar o projeto de destruição que começou a implantar no país em 2019.

O delírio autoritário deu errado. Caminhoneiros do agronegócio, grupos golpistas acampados à frente dos quartéis e terroristas que depredaram as sedes dos poderes da República não conseguiram o objetivo de subverter a democracia. Lula assumiu e se mantém na Presidência, como deve ser.

Depois de uma temporada na Flórida, onde por meses foi vizinho de Pluto e Pateta, Bolsonaro volta ao país amanhã como um brasileiro comum, sem o status de governante e sem foro privilegiado que o proteja. Deverá ser aclamado por uma claque no momento do retorno, mas não vai demorar para que faça contato com a nova realidade.

Já no dia 5 de abril terá que explicar à Polícia Federal por quais motivos se apossou de joias ofertadas pelos governantes da Arábia Saudita que deveriam estar no acervo da Presidência. Esse é só o começo.

Bolsonaro terá que responder sobre noticias falsas divulgadas na pandemia, vazamento de dados sigilosos sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fake news contra ministros do Superior Tribunal Federal (STF) e interferência na Polícia Federal.

As chances de se tornar inelegível são grandes e há também a possibilidade de prisão — embora mais distante.

Seja como for, o ex-presidente deve aproveitar o quanto puder a proximidade com os apoiadores quando chegar, amanhã.

Nos dias posteriores, começará a viver uma rotina bem diferente da que planejava ter agora. Em pouco tempo vai emendar uma sequência de depoimentos a agentes, delegados e juízes.

Não vai demorar para Bolsonaro ter saudades de quando era vizinho do Pateta e dividia seu tempo entre passeios no mercado, inaugurações de hamburguerias e convescotes com velhinhos americanos conservadores.

Bem-vindo ao mundo real.

*Chico Alves/Uol

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