As 1.112 pessoas que haviam sido presas pelos atos de 8 de janeiro e foram liberadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para responderem às acusações em liberdade provisória serão monitoradas 24 horas por dia, 7 dias por semana. Todos, homens e mulheres, só saíram da prisão mediante uso de tornozeleira eletrônica.
Caso os terroristas liberados infrinjam qualquer regra estabelecida pelo ministro, eles podem voltar à cadeia. Investigados por incitação ao crime e associação criminosa, os manifestantes golpistas não podem viajar, nem sair de casa à noite, e devem seguir uma série de restrições (veja lista mais abaixo).
Para verificar o cumprimento das medidas cautelares, a tornozeleira eletrônica capta a localização e os horários de deslocamento da pessoa monitorada, e encaminha esses dados para uma central da Seape. A partir dessas informações, o sistema indica se houve alguma violação às condições impostas judicialmente.
Isso acontece quando o monitorado não permanece no lugar onde deveria ficar, quando acessa uma área proibida, quando deixa o equipamento descarregar ou quando tenta romper a tornozeleira.
O sistema também é capaz de identificar se o equipamento encontra-se com outro monitorado, o que constitui mais um tipo de violação. “O tratamento e a análise desses dados no Centro de Monitoração Eletrônica (Cime/Seape) são realizados por policiais penais treinados, que se revezam em escala de plantão, 24 horas por dia, 7 dias por semana”, detalhou a Seape ao Metrópoles.
Eles rastreiam, ininterruptamente, as pessoas monitoradas, com o intuito de garantir que o acusado cumpra as determinações impostas pelo Poder Judiciário.
Custos
Nesta quinta-feira (16/3), Alexandre de Moraes concluiu a análise de todos os pedidos de liberdade provisória das pessoas presas por envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Dos 1.406 presos em flagrante, 294 tiveram os pedidos de saída da cadeia negados, sendo 86 mulheres e 208 homens.
Assim, 1.112 foram liberados. Com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), todos saíram da prisão com a aplicação de medidas cautelares.
O custo mensal de uma tornozeleira eletrônica é de R$ 211,10 para o Distrito Federal. Ou seja, por mês, essas pessoas custarão aos cofres públicos, só no que diz respeito ao monitoramento eletrônico, R$ 234,7 mil. Por ano, o montante chegaria a R$ 2,8 milhões.
Ainda há 208 homens presos no Centro de Detenção Provisória II e 86 mulheres detidas na Penitenciária Feminina do DF por causa dos atos de 8 de janeiro. Segundo a Casa Civil do Distrito Federal, um preso custa, em média, R$ 2.450 por mês. As despesas envolvem alimentação, segurança, transporte, kits de higiene, colchão, atendimento médico, entre outros fatores.
Denúncias
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, em 16 de março, novas 100 denúncias contra acusados de envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
No órgão, as análises são feitas pelo Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos. De acordo com a PGR, as denúncias de quinta-feira (16/3) foram protocoladas no Inquérito nº 4.921, que apura a participação de pessoas que incitaram e promoveram a realização dos atos.
A PGR divide em três grupos os 1.037 acusados até o momento: aqueles que participaram da invasão e depredação dos prédios públicos; os que quebraram os bloqueios policiais que protegiam os edifícios; e os acusados que acamparam em frente ao Quartel-General do Exército (QGEx), protestando contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
*Com Metrópoles