Jovem de 25 anos foi encontrado por familiares e levado ao IML; “Nascido Felipe, por força interna se fez Terremoto”.
O fotógrafo Felipe Terremoto, de 25 anos e ligado ao coletivo Jornalistas Livres, faleceu vítima de ferimentos com faca na última quinta-feira (9) no centro de São Paulo. Ele foi encontrado por amigos e familiares e levado ao Instituto Médico Legal (IML). O falecimento foi confirmado pelo coletivo e não há maiores informações sobre a circunstância em que se deu o assassinato.
“Tristeza infinita. Nosso companheiro terremoto foi assassinado. Ainda não sabemos o que aconteceu. Era um menino inteligente, divertido, solidário, afetuoso, fazia a diferença onde quer que estivesse”, diz a nota dos Jornalistas Livres.
O coletivo relata que Terremoto aprendeu a ser fotógrafo, “e dos bons”, na prática, quando juntou-se ao grupo em 2016 para fazer a cobertura das ocupações de escolas por estudantes secundaristas em São Paulo. “Ele participava das reportagens no Jornalistas Livres, fazia coberturas, perguntava, ouvia, sempre com os olhos brilhando, querendo aprender”.
Entre suas principais coberturas constam a ida do coletivo a Curitiba, enquanto Lula (PT) estava preso na Superintendência da Polícia Federal e a produção de vídeo que ajudou a evitar uma reintegração de posse de edifício no centro de São Paulo, onde viviam dezenas de famílias sem-teto.
“Com sua alegria de menino travesso, ele colheu depoimentos emocionantes das crianças que fizeram o juiz entender o óbvio e suspender a ação. Terremoto seguiu pelo mundo, foi fotografar os seus, os talentos periféricos, ele sabia bem de que lado estava”, diz a nota.
Em paralelo com a tragédia envolvendo o jovem, os Jornalistas Livres ainda relatam que a mãe de Terremoto está sendo despejada e teve um princípio de infarte no dia anterior à morte do filho.
Nascido Felipe, por força interna se fez Terremoto
No site do Jornalistas Livres, dois colegas de Felipe Terremoto, Sato do Brasil e Lucas Martins, escreveram um belo artigo em sua homenagem.
“Terremoto era terremoto mesmo. Tem certos apelidos que vem com a própria vida, que se confunde com ela, que se apropria e se torna ela mesma. Terremoto tinha uma vibração, uma impaciência, um desespero de aprender, fazer, errar, aprender de novo, acertar, fazer de novo, sempre. E um coração imenso, gigante, explosivo e afetuoso. Quem não gostava do Terremoto? Ninguém. Era impossível desgostar do Terremoto. Sorriso tranquilo, cabeça a mil, coração batendo. Quando chegava, era um acontecimento. Seus pensamentos superavam a velocidade das palavras. Mas mais que tudo, ouvia. Sempre. Tinha a sabedoria jovem de ouvir. Como poucos. Sua presença se fazia sentir, como deve, por sua intensa vibração. Nascido Felipe, por força interna se fez terremoto. Pra ele não tinha tempo ruim, mesmo em meio aos cenários violentos em que prontamente ia, por dever de ofício, registrar. Câmera numa mão, cigarro na outra. Na voz uma piada ou provocação”, diz trecho do artigo.
*Com Forum