Sputnik – É Carnaval! O festejo, que é uma das maiores manifestações culturais do planeta, já arrasta multidões em todo o Brasil com muitas cores, batuques e purpurinas. A folia momesca acaba na quarta-feira de cinzas (22), mas já começou bem antes da sexta-feira (17) e movimenta tanto os foliões quanto a economia e a política brasileiras.
Uma festa popular que reúne multidões, evidentemente, não pode ser vista fora de seu contexto social, político e econômico. É notório o impacto do Carnaval nas mais diversas áreas. O apelo midiático, a força econômica e a capacidade de levantar debates sem o menor pudor faz com que o festejo seja mais do que um momento de descontração e impacte diretamente no conjunto da sociedade. Essa força ultrapassa as fronteiras e pode até ser instrumento para a diplomacia brasileira.
Durante esses dias de samba, frevo, axé, suor e cerveja, o podcast Jabuticaba Sem Caroço, da Spuntik Brasil, comandado pelas jornalistas Bárbara Pereira e Francini Augusto, ouviu uma série de especialistas que trataram sobre as diversas potências dessa grande festa popular.
Carnaval movimenta a economia
Segundo o levantamento Carnaval de Dados, realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o Carnaval carioca deve movimentar um montante de R$ 4,5 bilhões. Em entrevista ao Jabuticaba Sem Caroço, o jornalista João Gustavo Melo destacou que os valores movimentados pelo Carnaval do Rio apenas no mês de fevereiro superam o produto interno bruto (PIB) de muitas cidades brasileiras.
“Tudo isso movimentado em um período muito curto. Ou seja, o Carnaval é um colosso, economicamente é um colosso. Muitas vezes a gente não se dá conta disso. O dinheiro investido no Carnaval retorna multiplicado em várias vezes”, afirmou Melo.
“A festa é uma criação coletiva, o Carnaval das escolas de samba principalmente. É uma criação coletiva que envolve vários atores, vários setores. Carnaval e economia são assuntos indissociáveis”, frisou o jornalista.
O Carnaval de rua por si só deve movimentar R$ 1,2 bilhão. Também em entrevista ao podcast da Sputnik, a jornalista Rita Fernandes, presidente da associação de blocos Sebastiana, deu detalhes sobre todos os processos que o
Carnaval de rua movimenta, da confecção de acessórios e camisetas até a contratação de carros de som e os ambulantes que matam a sede dos foliões. A jornalista defende que seja realizado um estudo mais aprofundado sobre toda a cadeia produtiva da festa, que acaba sendo marcada pela informalidade.
Fernandes aponta ainda que o Carnaval de rua do Rio de Janeiro tem um modelo democrático que permite “todas as formas de participação”.
“É o modelo mais democrático, muito animado, traz uma sensação de pertencimento e permite todas as formas de participação. [A pessoa] pode cantar, pode tocar, pode ser só folião, só observador. Ao mesmo tempo, é um modelo que gira a cadeia produtiva de uma forma muito democratizada porque o próprio ambulante não tem que pedir licença para estar nesse lugar. Por isso esse modelo repercutiu no Brasil todo”, aponta a presidente da Sebastiana.