Enquanto indígenas Yanomami morriam de desnutrição e malária, Jair Bolsonaro dizia à ONU que estava tudo bem.
O abandono de crianças Yanomami mortas por desnutrição grave, em miséria absoluta e vítimas de malária foi denunciado pelo Ministério dos Povos Indígenas do governo Lula nos últimos dias. Mas enquanto milhares de casos da doença e da fome atingiam o povo indígena no ano passado, Jair Bolsonaro afirmava à ONU que estava tudo bem.
A pasta comandada por Sônia Guajajara divulgou, neste final de semana, somente um dos recortes da triste realidade que acometeu um dos povos indígenas do Brasil: pelo menos 570 crianças Yanomamis morreram por fome, desnutrição e contaminação, cerca de 100 somente no ano passado.
Também no ano passado, foram registrados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, atingindo todas as idades.
A informação motivou o governo Lula a acionar estado de calamidade pública, envolvendo ainda as pastas do Ministério da Saúde e do Meio Ambiente. O presidente Lula foi presencialmente a Boa Vista, Roraima, para acompanhar os trabalhos das pastas.
“Parte significativa do que está acontecendo com os Yanomami é em função do garimpo criminoso, que destrói os estoques naturais de alimentos para os indígenas”, explicou Marina Silva, ministra do Meio Ambiente.
“Os estoques deles são os rios, são as matas, é o modo de vida que foi se destruindo propositadamente pelo governo Bolsonaro, que praticou crime de lesa-pátria, com propósito genocida, de eliminação de determinados grupos. Essa situação é fruto de uma ação calculada, planejada e criminosa”, continuou.
Mas Jair Bolsonaro negava o abandono aos povos indígenas, em cartas enviadas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da ONU, que pressionaram pelos dados ao longo dos anos. As correspondências foram divulgadas por reportagem de Jamil Chade, do Uol.
Segundo o jornalista, uma das comunicações, de março do ano passado, o governo Bolsonaro disse que estava “completamente comprometido” com o atendimento aos indígenas, após ser cobrado de questionamentos.
Sobre os Yanomami, em um outro documento, de julho de 2021, Bolsonaro listava “operações exitosas” contra garimpeiros, monitoramento das taxas de contaminação das terras, garantia ao acesso de água potável, e medidas para previnir Covid-19 e malária.
Sobre os Yanomami, em um outro documento, de julho de 2021, Bolsonaro listava “operações exitosas” contra garimpeiros, monitoramento das taxas de contaminação das terras, garantia ao acesso de água potável, e medidas para previnir Covid-19 e malária.
Naquele mesmo ano, reportagem do Fantástico, da TV Globo, denunciava que a Funai (Fundação Nacional do Índio), sob o comando do governo Bolsonaro, proibiu uma equipe da Fiocruz de entrar na Terra Yanomami para prestar assistência de saúde aos indígenas vítimas de malária, desnutrição, falta de medicamentos e abandono do governo.
E os números mostram que o abandono do governo Bolsonaro não atingiu somente os Yanomami.
Relatório da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) revelou, na semana passada, o número de 3.126 crianças indígenas mortas, até 5 anos de idade, entre 2018 e 2021, os anos de governo Bolsonaro. Foram informadas como causas das mortes pneumonia, diarreia, desnutrição, infecções e “morte sem assistência”. Sendo esta última a segunda maior causa registrada.
*GGN