Cresceu o receio de que Bolsonaro venha a ser preso em razão das investigações perpassa as conversas do núcleo mais próximo do ex-presidente desde a derrota para Lula.
Reuters – O PL decidiu reforçar a equipe de advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro em meio ao que considera um “contra-ataque” que o Judiciário e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão promover após a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, com autoridades procurando implicar o ex-chefe do Executivo como responsável pelos atos de vandalismo, afirmaram duas importantes fontes da legenda à Reuters.
A preocupação maior, segundo uma das fontes da cúpula da legenda de Bolsonaro, é que a Justiça Eleitoral torne o ex-presidente inelegível, o que poderia atrapalhar os planos do partido de expansão nas eleições municipais de 2024 usando Bolsonaro como uma das vitrines e puxador de votos, além de uma nova candidatura dele ao Palácio do Planalto em 2026.
Os temores cresceram após os atos violentos do domingo por apoiadores de Bolsonaro e depois de o ex-presidente ter compartilhado nas redes sociais uma postagem –retirada do ar horas depois– que novamente alimentava a desconfiança sobre o processo eleitoral, insuflando bolsonaristas que pedem um golpe contra Lula.
O ex-presidente é alvo de 12 pedidos de investigação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques às urnas eletrônicas e suposta atuação com abuso de poder, entre outros fatos, que podem torná-lo ficha-suja em caso de condenação.
Em dezembro, a área jurídica da chapa de Lula entrou no TSE com duas ações para investigar o ex-presidente por ataques ao sistema eleitoral e abuso de poder em razão do chamado “pacote de bondades” distribuído durante o período das eleições.
O núcleo jurídico do PT, conforme uma fonte a parte das discussões, já decidiu que vai explorar o caso da destruição das sedes Poderes em alguma das ações em curso no TSE. Os advogados consideram que está “evidente” o nexo entre os ataques e a atuação de Bolsonaro, mas devem esperar o avanço das investigações para se ter elementos mais contundentes para se fazer um aditamento (acréscimo) nos casos em tramitação.
“Fazer agora sem aguardar o andamento dos inquéritos não seria a forma mais efetiva, porque mais informações irão surgir”, ressaltou uma fonte ligada à campanha de Lula.
O PL bancará cinco advogados para acompanhar as ações no TSE e trabalhar para rejeitá-las, disse uma fonte da legenda. O principal advogado da coligação de Bolsonaro, o ex-ministro do TSE Tarcísio Vieira, deve concluir a condução dos casos que pegou na época da campanha, mas sem se debruçar sobre novos casos.