Crise da “Americanas” revela fuga de Capital parasitário do país com o fim do regime Bolsonaro

Crise da “Americanas” revela fuga de Capital parasitário do país com o fim do regime Bolsonaro

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Ao contrário do que podemos imaginar, a crise nas “Americanas” é um bom sinal para a saúde da economia brasileira desde que esta crise não resulte em efeito cascata e provoque uma depressão econômica no Brasil. O motivo disso ser um bom sinal é que se trata de um indício forte da fuga do Capital especulativo do Brasil. Este quadro era totalmente previsível. Desde o Golpe de Estado de 2016, o Brasil se tornou o paraíso do parasitismo financeiro com uma enxurrada de investidores que passaram a usar a crise política no país para fazer a maior jogatina de que se tem notícia em nossa História.

No governo Bolsonaro, a especulação financeira desenfreada ganhou um patamar ainda mais grave com Paulo Guedes, um dos ministros mais criminosos de nossa História. Guedes foi o responsável por um programa Ultraliberal inspirado no modelo Pinochetista do Chile e que anunciava a liquidação do país com uma série de privatizações. Estas manobras ampliaram de forma chocante a jogatina dos investidores. Os especuladores passaram a usar o Brasil como um joguete trabalhando com expectativas de que as reformas austeras da economia brasileira como o cronograma de privatizações fariam a economia “decolar”. As reformas austeras que desregulamentaram a economia brasileira e dilaceraram direitos trabalhistas não provocaram nem de perto o efeito prometido. Pelo contrário, as desregulamentações criaram um ambiente de selva no Brasil com o negociado acima do legislado, aumento vertiginoso do desemprego, redução de salários, aumento da informalidade, aumento da dívida das famílias e consequentemente a queda do consumo da população brasileira.

A queda no consumo dos brasileiros é um efeito direto da insegurança estrutural que o país atravessou. Neste cenário os trabalhadores de todo o país passaram a consumir menos e a não se comprometer com dívidas em meio a incertezas e instabilidades em seus empregos (formais e informais). Um trabalhador não se compromete com compras se ele não tem estabilidade econômica. As reformas austeras que começaram com Temer e prolongaram com Bolsonaro pioraram de forma significativa a já historicamente frágil situação brasileira.

Grandes lojas de departamentos sentiram a crise da baixa do consumo mesmo tendo apoiado o governo golpista. Acreditaram no “milagre” da ofensiva burguesa como mecanismo de prosperidade e acabaram gerando o efeito diametralmente contrário. Muitas ainda tiveram que enfrentar a Pandemia que radicalizou ainda mais a baixa do consumo e as lojas que se adaptaram ao e-Commerce tiveram sobrevida. É o caso talvez do Magazine Luiza – a gigante do setor do varejo que mais investiu no comércio eletrônico. Entretanto, mesmo o Magazine Luiza é ciente de que não haverá futuro no comércio brasileiro se o clima de insegurança e ataques aos trabalhadores continuar. Além disso, a baixa do consumo fez com que estes impérios do varejo vissem na Bolsa de Valores uma válvula de escape para os seus problemas imediatos. O pecado do imediatismo somado com a falta de disposição em compreender a complexidade dos problemas brasileiros levou os empresários ao caminho mais fácil primeiro, uma tradição do Capitalismo terceiro-mundista do Brasil e América Latina. Estas manobras se provaram fatais, muitas destas empresas como a Americanas tornaram-se reféns do Capital improdutivo, aquele que não tem lastro em absolutamente nada que não uma “promessa” de crescimento. A conta vem feia depois e quem mais sofre são obviamente os trabalhadores, grandes “para-raios” da crise.

Muitos setores poderosos acusaram o golpe e decidiram nas Eleições de 2022 apoiar a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva, um presidente que tem experiência em fomentar o mercado consumidor interno. Não sabemos ainda o quão profunda é a destruição dos governos Temer e Bolsonaro na economia brasileira e nem se esta crise é reversível ou não. Mas há uma sensação latente no ar de que o Golpe de 2016 foi uma aventura extremamente perigosa, irresponsável e até mesmo suicida. Espera-se que esta seja a conclusão dos empresários brasileiros e que estes abandonem de vez as tendências irracionais e destrutivas da economia exemplificados pelos ditos “pensadores liberais” que, nada mais são do que “liberalóides” como Paulo Guedes.

A grande realidade é que o enfraquecimento da economia brasileira só interessou nações estrangeiras como os EUA que passaram a ver no crescimento do mercado interno brasileiro uma enorme ameaça e a formação de uma concorrência indesejada. O Golpe de 2016 foi, acima de qualquer coisa, uma jogada na Geopolítica internacional e o empresariado brasileiro que costuma ignorar tais dados foi o grande alvo junto com os trabalhadores brasileiros que não tiveram condições objetivas de resistir a estas ofensivas.

Com a eleição de Lula e o retorno do PT é necessário ampliar parcerias comerciais com a China e demais membros dos BRICS, investir em obras de infraestrutura, reindustrializar o país, revogar as Reformas da Previdência e Trabalhista e retomar a valorização das grandes estatais brasileiras como indutoras do crescimento estrutural nacional. Só assim para evitarmos que danos como o vivido pela Lojas Americanas não se multiplique pelo país e pelo continente.

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