Nos últimos oito dias, o quartel-general do Exército em Brasília foi palco de atos violentos cometidos por golpistas acampados (veja a seguir seis casos).
Enquanto isso, militares fizeram vistas grossas: ninguém foi preso, mesmo sendo o local patrulhado 24 horas por dia. Houve ainda situações em que a atuação da tropa facilitou a permanência dos acampados.
Procurado, o Exército respondeu que desde ontem ampliou o controle no acesso ao quartel-general. “Além disso, os militares têm auxiliado na desmontagem de estruturas abandonadas”, diz a nota.
Salvar o acampamento
O caso mais emblemático da atuação inibida do Exército é de 29 de dezembro, quando o governo do Distrito Federal montou uma operação para desmontar o acampamento. A tarefa não foi cumprida porque o Exército proibiu a atuação da Polícia Militar.
- Exército se compromete a fazer segurança de fiscais do DF Legal;
- Agentes solicitam um cordão de isolamento;
- O pedido não é atendido e surgem hostilidades contra os fiscais;
- Em vez de afastar os manifestantes, o Exército pede para os agentes saírem;
Nós tínhamos cerca de 500 policiais militares em condições [de retirar os manifestantes].”Fábio Augustos, comandante da PM do Distrito Federal
Agente de saúde expulso do acampamento
Funcionário fazia trabalho de prevenção contra focos de dengue em 29 de dezembro na área em frente ao quartel-general e foi expulso.
- Agente recolhia água de poças para enviar a laboratório;
- Um trio empurra e dá tapa no homem;
- Um manifestante segura um pau e ordena que o agente saia;
Agressão à equipe da CNN Portugal
Cinegrafista e comentarista foram chutados e jogados contra o chão, em 30 de dezembro.
- Jornalista pede uma entrevista a um manifestante;
- Primeira pergunta é sobre o que está acontecendo;
- Comentarista é cercado e começa um coro de “fora, fora, fora”;
- Começam as agressões contra a dupla;
- Ninguém foi preso;
Me deram uma voadora, caí no chão. Deram uma voadora no cinegrafista, que caiu no chão.Nelson Garrone, jornalista
Homem agredido com tapa no rosto
A mesma dinâmica ocorreu no dia 4 deste mês, data em que outro jornalista foi atacado.
- Marlem Lima gravava quando foi cercado;
- Os golpistas gritaram “fora, fora, fora”;
- Um manifestante chegou por trás e deu um tapa no rosto do homem;
- Ninguém foi preso;
Se quisessem [prender o agressor], eles poderiam, porque viram tudo. Viram o cara vindo na minha direção, viram o cara correndo, viram o cara batendo e viram o cara saindo.”Marlem Lima, jornalista
Exército aborta remoção de caixa d’água
No dia 5, os militares receberam ordem para retirar caixas d’água de uma área no fundo do acampamento. Ela não foi removida.
- Militares chegam para retirar caixas d’água;
- Manifestantes reagem de forma hostil;
- Tenente abre negociação com golpistas;
- Firmado acordo para caixa d’água continuar no acampamento;
Abastecimento diário de água
Desde que o acampamento começou, há 65 dias, um caminhão-pipa aparece no começo de todas as manhãs para abastecer os acampados. No dia 5, era para o veículo ser barrado.
- Caminhão-pipa é barrado na entrada do QG;
- Manifestantes reclamam que não terão como cozinhar, beber e tomar banho;
- É permitida a entrada do veículo por outro lugar;