Segundo o epidemiologista chinês Eric Feigl-Ding, da ONU, o fim das restrições sanitárias pelo governo asiático vem lotando hospitais e causando “uma explosão nos serviços funerários”.
O que ele disse no Twitter?
- 60% dos chineses e 10% da população mundial devem pegar covid nos próximos 90 dias
- Funerárias lotadas: 2.000 corpos aguardam cremação
- Escolas são fechadas em “cidades em surto”
- Demanda chinesa reduzirá oferta de remédios no mundo
- China não adotou vacina bivalente
- Idosos resistem à vacina
Não estou exagerando: serão até 2 milhões de mortos na China nos próximos meses (…) se não houver intervenção.
Feilg-Ding, epidemiologista
Feigl-Ding é chefe da Força-Tarefa Covid no Instituto de Sistemas Complexos de New England, cofundador da Rede Mundial de Saúde e membro de um comitê de especialistas sobre covid da ONU.
“É um professor renomado, confiável e com fontes na China”, confirma o vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Alexandre Naime.
Feigl-Ding diz repassar informações de hospitais e funerárias chinesas, que estariam usando refrigeradores para conservar os corpos que esperam na fila.
A maior funerária de Pequim está com todos os incineradores funcionando, mas não atende a demanda, resultando em atraso de 20 dias.
Eric Feigl-Ding, epidemiologista
“O tempo de duplicação do vírus na China pode não ser mais de dias, mas de horas”, afirmou. “As consequências econômicas globais (…) serão feias.”
Estudo sobre o fim do programa “covid zero na China”, publicado na revista especializada Nature, prevê até um milhão de chineses mortos nos próximos meses. Relatório da Universidade de Hong Kong estima número parecido.
Aos que o chamam de alarmista, Feigl-Ding mandou um recado:
Você não precisa acreditar em mim. Muitos não o fizeram em janeiro de 2020, quando tentei alertar que o ‘novo coronavírus’ era uma pandemia que o mundo não via desde 1918.
“Catástrofe Chinesa”
Além do afrouxamento das restrições sanitárias, Naime, da SBI, atribui a “catástrofe chinesa” à resistência de idosos à vacinação e à utilização da primeira geração de vacinas, ainda não adaptada à variante ômicron.
A China vacinou 89% da população com duas doses, mas apenas 57% receberam o reforço, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Nova onda chegará ao Brasil?
Naime aposta no “surgimento de variantes mais transmissíveis”, mas descarta nova onda de mortes no Brasil e no mundo porque “a população global está muito mais bem imunizada do que a chinesa”.
“Nossa lição é dar as doses de reforço. Na China, será redução de danos”, diz.
*Com Uol