Inundado por ódio e sectarismo, Bolsonaro não passará adereço presidencial para seu sucessor, mas um ato totalmente inovador ganha cada vez mais força para ser adotado na cerimônia.
Que Jair Bolsonaro (PL) não é dado a respeitar liturgias, isso todo mundo já sabe. Aliás, respeitar não é o forte do futuro ex-presidente. Desde a derrota na busca por sua reeleição, o líder de extrema direita tomou um caminho ainda mais estridente e, inundado por ódio e sectarismo, desapareceu do trabalho, passou a alimentar um golpismo tosco e decadente e deixou claro que não aceita ter perdido para Lula (PT) e que não lhe passará a faixa presidencial.
Como o atual presidente, de fato, não deverá cumprir sua obrigação e manter a tradição, colocando o objeto que simboliza o poder do chefe de Estado brasileiro em seu adversário (a quem ele enxerga como inimigo), o cerimonial da Presidência da República vem tentando resolver o imbróglio. Uma das primeiras ideias era a de que o vice de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão, o fizesse, mas o militar eleito para o Senado pelo Rio Grande do Sul já recusou a tarefa, usando inclusive um argumento pertinente: ele não é o presidente e o país tem um, Jair Bolsonaro.
Desde então, várias hipóteses vêm sendo analisadas e uma ganhou muita força nos últimos dias. A ideia é que representantes de vários setores da sociedade, sobretudo daqueles segmentos responsáveis pela vitória de Lula, como mulheres, negros, índios, trabalhadores, do campo e da cidade, e estudantes devem ir em grupo colocar a faixa no presidente eleito.
Nomes como o da enfermeira Mônica Calazans, negra e primeira pessoa vacinada contra a Covid-19 no Brasil, o de Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada por milicianos do Rio, e da antropóloga Beatriz de Almeida Matos, viúva do indigenista da Funai Bruno Pereira, assassinado na Amazônia, são alguns dos mais citados até agora para compor o grupo que entregaria a faixa ao novo chefe de Estado.
Há ainda outras pessoas que se encaixam nesses segmentos sociais brasileiros que se juntariam a essas personalidades conhecidas e que, de alguma forma, ajudaram a eleger Lula e sofreram com o governo caótico de Jair Bolsonaro.
*Com Forum