O ataque de Roberto Jefferson contra o TSE e o STF foi respaldado pelo governo Jair Bolsonaro. Mas falhou.
As cenas da conversa amistosa de Roberto Jefferson com Policiais Federais que foram prendê-lo mostra que sua atitude contra o Tribunal Superior Eleitoral foi respaldada pelo governo Jair Bolsonaro.
Jefferson simularia uma resistência à prisão, atrairia outros bolsonaristas para a resistência e ajudaria a botar gasolina na fogueira que Bolsonaro pretende armar contra o TSE.
Já estava tudo armado: policiais amigos, a ida do Ministro da Justiça para negociar sua saída. O enredo foi por água abaixo quando Jefferson se precipitou, atingiu carros da PF, feriu policiais federais e chegou a jogar granadas nos veículos.
Bolsonaro que, nas manifestações iniciais, condenara mais o TSE do que Jefferson, foi obrigado a editar suas mensagens, passando a tratar o aliado como inimigo. O Ministro da Justiça tentou se safar com o álibi de que sua ida para a casa do ex-deputado visava impedir derramamento de sangue. Como assim? Um Ministro com a agenda em aberto, antes mesmo de haver informações públicas sobre o gesto de Jefferson?
O episódio reforça as suspeitas da estratégia de Bolsonaro, de não aceitar os resultados eleitorais do 2o turno. Mostra também a falta de rumo de sua campanha, ao radicalizar nos fake news, abandonar as campanhas de rua e, agora, recorrer a esse episódio rocambolesco. Há sinais nítidos de desespero, na ofensiva de empresários bolsonaristas contra seus funcionários, mesmo sob o risco de processos pesados ao final das eleições.
A reação de Jefferson se dá no momento em que as redes bolsonaristas, no WhatsApp e no Telegram, reforçam cada vez mais o discurso de ódio contra o TSE e contra as eleições. Ao mesmo tempo, o Ministro da Defesa recua em sua decisão de apresentar relatórios de conferência de votos ao TSE, avisando que só encerrará a fiscalização no início do ano.
Esse desespero acaba dando maior credibilidade aos trackings do PT, apresentando uma diferença estável de 5 pontos a favor de Lula, entre os votos úteis.
Haverá dois desafios imediatos e um de médio prazo. Os imediatos são a vitória de Lula no 2o turno e os dois meses até que ele assuma a presidência. Será um período de muitas turbulências, com milícias bolsonaristas espalhando violência pelo país, provavelmente para criar um pretexto para uma operação da Garantia de Lei e Ordem ou estado de sítio.
Nesse ponto, se verá o nível de profissionalismo das Forças Armadas e das polícias militares.
Superados esses dois obstáculos, haverá um grande trabalho de reconstrução da paz nacional.
*GGN