Editorial da Folha contra Lula é claro, entre banqueiros e miseráveis, a Folha fica com a agiotagem

Editorial da Folha contra Lula é claro, entre banqueiros e miseráveis, a Folha fica com a agiotagem

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Para a Folha, o morticínio de quase 700 mil brasileiros, promovido pelo governo Bolsonaro durante a pandemia do Covid, não significa nada, contanto que o rentismo, ou seja, a própria mídia de banco, da qual a Folha é parte, veja seus rendimentos serem hidratados com o suor do povo.

Lógico que o editorial deste domingo é contra os pobres e a favor dos ricos, como sempre foi a posição da mídia industrial no Brasil, que opera na base do, é perdendo que se ganha, é passando fome que se vence, é sendo explorado que se prospera.

O problema é que é muito mais fácil atacar um político como Lula do que atacar o alvo, que são os pobres.

O editorial da Folha de S. Paulo poderia ser menos patético para não parecer mais ridículo do que é. Na verdade, deveria ser “farinha pouca, meu porão primeiro”, para escancarar logo esse câncer editorialista que a mídia de banco opera nesse país. Abraçar logo o genocida e pendurar no prédio de quem apoiou a ditadura armamento pesado a imbecis fascistas que pensam no mundo a partir dos olhos da própria Folha.

Não sei como alguém, que está numa das maiores metrópoles do mundo, com milhares de pessoas vivendo em condição de rua, pode querer ainda utilizar de manipulação barata para impor goela abaixo a reeleição de Bolsonaro para garantir a tranquilidade dos seus donos.

O rentismo é a base dos lucros líquidos que os proprietários da Folha contam para acumular, mas poderiam ter uma atitude mais digna na hora de defender suas preferências políticas, assinando um manifesto em favor de um genocida que jogou 33 milhões de brasileiros na miséria, devolvendo país no mapa da fome, um número recorde de milhões de brasileiros vivendo de bicos e recebendo menos que um salário mínimo para que os banqueiros, rentistas e grandes empresários possam extrair o sangue dos trabalhadores brasileiros, incluindo os precarizados, para inchar cada vez mais os cofres dessa classe dominante para a qual, há cem anos, o grande paulista, Mário de Andrade, dedicou o poema Ode ao Burguês na primeira Semana de Arte moderna, permitindo que os brasileiros vissem com olhos bem atentos o que é a oligarquia desse país, da qual os donos da Folha de São Paulo são parte, assim como toda a mídia industrial engajada na reeleição de Bolsonaro.

Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os Printemps com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
“– Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
– Um colar… – Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!”

Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!…

De Paulicéia desvairada (1922)
Mário de Andrade

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