“Este não era um encontro agendado pela história. Mas sem dúvida nenhuma, é exigido por ela”, abriu Simone Tebet (MDB), recebendo a resposta de Lula: “Eu queria que você soubesse que não é apenas uma decisão de apoiar uma candidatura. Nós vamos precisar de você para ajudar a reconstruir o Brasil.”
De acordo com o GGN, a declaração de apoio da senadora, crítica do governo Lula, na tarde desta sexta-feira (07), foi um encontro de opostas posições políticas e de propostas de governo. Mas Lula respondeu, olhando para a senadora, que era possível.
“Eu fiquei pensando na frase do [Barack] Obama quando ele disputou as eleições: ‘Nós podemos’. Eu queria te dizer, Simone, que o Brasil pode. Esse Brasil que você colocou no seu programa é possível de ser construído.”
Mas as falas de Lula não foram as que vinha adotando, até então, de apresentar um projeto supostamente possível, abstrato. Falou a Tebet, diretamente, como iria fazer convergir o plano de seu governo, se eleito, com o dela. “Não é difícil. O que é preciso é gente fazer a política da repartição, a política do compartilhamento.”
Disse, talvez, pela primeira vez de forma clara que este não será o seu governo ou o governo do PT: “Não será só um partido político. Não será só um agrupamento ideológico. Não será apenas uma parte da sociedade brasileira.”
Em aceno explícito de compromisso com a senadora e também com a sua antiga oposição, enfatizou: “Todos os brasileiros e brasileiras, entendam bem, todas as pessoas que amam a democracia, que amam a repartição da riqueza de um país tem que participar desse processo. Nós temos que fazer o Brasil voltar à normalidade.”
E para a ex-presidenciável, detalhou pontos da economia, educação e outras propostas que partiram do programa de governo dela e que ele irá adotar. Alinhada à pauta moderada liberal, falou a Tebet que colocará os pequenos e médios empresários no centro do financiamento de projetos de governo.
“Nós vamos ter que fazer uma pequena revolução na economia brasileira, fazendo com que as micro, pequenas e médias empresas tenham um poder de destaque nos bancos públicos de financiamento. Tenho dito que o BNDES que já financiou quase todas as obras de infraestrutura desse país, vai continuar financiando, mas agora a gente vai privilegiar pequenos empreendedores, médios e pequenos empresários.”
Também detalhou propostas na educação, contra o Orçamento Secreto, a construção de um Orçamento participativo, a inclusão da população na escolha do que priorizar os recursos públicos por meio de uma participação digital, entre outros.
Mas lembrou que, diante de tantos articuladores e posições abarcando essa candidatura Lula-Alckmin, é preciso “primeiro ganhar as eleições”. “Porque isso não é um negócio. Isso é uma ação programática. A Simone apresentou pontos que para ela são muito importantes. É em torno desse programa que nós vamos trabalhar juntos.”