Lula a governadores: ‘Democracia é direito à liberdade, e também a comer, a estudar e ter onde morar’

Lula a governadores: ‘Democracia é direito à liberdade, e também a comer, a estudar e ter onde morar’

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“É preciso dar sentido à democracia para a classe trabalhadora”, diz Flávio Dino. Com governadores e senadores, Lula celebra votações no 1º turno. “E se espremer, sai mais”.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou nesta quarta-feira (5) a importância de encontro realizado em São Paulo com governadores e senadores – em exercício e eleitos. “Feliz o candidato que tem os companheiros que eu tenho ao meu lado nesta reunião”, disse Lula. O ex-presidente afirmou que “todo mundo aqui já fez um caldo de cana ou suco de laranja, e sabe que, se espremer bem, sai mais”. Ele se referia ao potencial de votos que ainda pode ter, inclusive, nas regiões Sul e Sudeste. “Vamos ganhar de novo em Minas, e também vencer em São Paulo e no Rio de Janeiro”, desafiou.

Para tanto, como defendeu o ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB), será necessário ampliar também a votação de Lula no Nordeste. Na região, segundo maior colégio eleitoral do país, o candidato da coligação Brasil da Esperança recebeu de 57% a 74% dos votos, variando conforme o estado. “É possível e imprescindível ampliar”, disse Dino, concordando com a tese de Lula.

“Hoje a gente ganhou a eleição, porque ampliamos (o diálogo e o apoio de outros setores ao campo progressista). Mas a gente precisa confirmar isso no dia 30 de outubro.”

Além disso, Flávio Dino usou sua experiência de gestor aclamado em seu estado – onde foi eleito senador e elegeu o sucessor – e investiu seus dois minutos de fala em outras quatro “sugestões práticas”.

  • Eleição se ganha com mobilização nas ruas, porque a militância vai aonde o líder vai. É com energia nas ruas que as pessoas colocarão suas toalhas e bandeiras nas janelas.
  • É preciso cobrar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cobre governos estaduais a garantir o transporte dos eleitores no dia 30. Sobretudo nas zonas rurais. O objetivo é tentar reduzir as abstenções, já que 32 milhões de pessoas deixaram de votar no primeiro turno.
  • “Eleição é sedução e energia”, disse Dino. “E Bolsonaro morre de medo de Lula.” Por isso, ele diz, é preciso acentuar as propostas que os diferenciam. “É preciso dar conteúdo à decisão do voto”, diz.
  • Ou seja, explicar o que termos como ‘democracia e avanço civilizatório’ representam para a classe trabalhadora”.
  • Nesse sentido, fazer do próximo feriado nacional de 12 de outubro um dia de mobilização para mostrar a importância do projeto de país de Lula para a infância. Na data, além de homenagens religiosas a Nossa Senhora Aparecida, o país também celebra o Dia das Crianças.

“Será o debate que levaremos ao Maranhão no dia 12. Se criança é esperança, Lula é esperança. De alimentação, de saúde, de educação.”

Lula, a democracia e os demais direitos

“Como explicar o Mato Grosso ter milhões de cabeças de gado e uma mulher ter de ir à fila do açougue para pegar osso?”, emendou Lula. A fala deu sequência à sugestão de Flávio Dino sobre explicar “o conteúdo do voto”. O ex-presidente observou que é usual as pessoas associarem a defesa da democracia à liberdade política. Mas acrescentou que, sobretudo, a associam aos efeitos dessa liberdade em sua vida. “Democracia é o direito de essa pessoa comer. É o direito de ela estudar e o direito de morar. Então, não basta estar no artigo 5º da Constituição os direitos dessas pessoas, se tem coisas que não são regulamentadas”, afirmou.

Ao amarrar as adesões à sua candidatura em nome da democracia, o ex-presidente enalteceu a “qualidade” dos apoios anunciados depois do primeiro turno. E agradeceu que os apoios tanto do PDT de Carlos Lupi e Ciro Gomes, quanto de Simone Tebet – que não seguiu a neutralidade oficial do MDB e disse hoje que não é momento para omissão – vieram acompanhados de propostas de governo. “É muito importante que seja assim. Não basta apoio formal. É preciso apoio programático”, enfatizou.

Emoção

Lula também disse ter se emocionado com a declaração de apoio de Fernando Henrique Cardoso, declarada também hoje, ao rever, nas redes sociais, fotos de 1978 em que ambos aparecem em uma mobilização de rua. Na ocasião, FHC era candidato ao Senado pelo MDB. E observou que o gesto de apoio foi uma iniciativa do movimento que então construía o chamado “novo sindicalismo”, que enfrentou a ditadura. “Não foi ele quem pediu, nós é que fomos até ele”, comentou.

Da reunião desta quarta com Lula, participaram sete governadores, 16 senadores e lideranças políticas de 10 partidos, entre eles PSD e MDB, que não integram a coligação Brasil da Esperança. Dirigindo-se à senadora Kátia Abreu (PP-TO), que não se reelegeu, fez uma mensagem de energia, enaltecendo aos que fazem política do lado certo, e nem sempre conseguem ganhar. “A vida (de quem faz a luta política) não se define se ela perde ou ganha uma eleição. Porque às vezes, tem gente grande (de caráter) que perde; e tem gente pequena que ganha.”

*Com Rede Brasil Atual

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