Para Frei Chico, é importante também o PT retomar a campanha de rua e atuar mais forte contra os ataques ao petista associados à corrupção.
A aposta da campanha de Lula no segundo turno deve ser o debate direto contra Jair Bolsonaro, comparando gestões. Agora, sem intermediário e sem chances de o presidente recorrer a outros candidatos para tentar atingir Lula ou evitar o confronto direto com o petista.
Essa é a opinião de Frei Chico, irmão de Lula, em entrevista ao Blog do Noblat.
Para Chico, as chances do irmão vencer são grandes, se diz tranquilo, mas acha não dá para ficar em casa “esperando resultado de pesquisa”. É preciso ir para rua, voltar ao boca a boca com os eleitores.
Blog do Noblat – Como o sr. avalia o resultado de ontem?
Frei Chico – Estamos num jogo de futebol. Terminou o primeiro tempo. E ganhamos. Logicamente, temos que descobrir porque esses caras estão tendo tantos votos. Ainda que tenhamos vencido essa primeira parte, ainda é preciso superar obstáculos. Um deles é que não conseguimos conter de forma suficiente essa campanha do ‘Lula ladrão’. Não conseguimos desmanchar isso ainda. Precisamos conter essas mentiras, que saem adoidado. Trabalhamos de forma honesta, contra uma campanha suja do outro lado.
Blog do Noblat – Qual a fórmula para se chegar essa vitória? O que pode ser feito?
Frei Chico – Acho que não tem muito milagre isso não. A campanha tem que ser dentro da informação, do mundo concreto, os problemas do povo. Temos que comparar os governos. Comparar os ganhos com o governo Lula, que são bens superiores ao de Bolsonaro. É ir para as ruas, no boca a boca, que parece não existir mais. E o debate, que será a grande diferença. Agora, os dois estarão cara a cara, sem intermediário.
Blog do Noblat – Acha que o debate e a campanha de rua podem ser suficientes?
Frei Chico – Tem gente que não será convencido em nada. Não dá para gastar verbo com alguns bolsonaristas. Mas há um grupo grande de eleitores que não estão com a gente, mas estão dispostos a ouvir. Tem gente que não quer ouvir argumentos. Parecem viver numa lavagem cerebral. Os caras se fortaleceram, mas a diferença ainda é considerável.
Blog do Noblat – O sr. esteve com o Lula ontem? Como ele reagiu ao resultado?
Frei Chico – Sim, ficamos juntos o tempo inteiro, até ele ir para a Paulista (à noite, para discurso na avenida Paulista). Estava cansado com as viagens do último dia, sem dormir direito. Ele acha que agora é outra disputa. Terá o debate cara a cara, e as apostas são outras. Essa é a aposta, como eu disse, dele também. Tem que mostrar números. Deixa o Bolsonaro xingar, estrilar. O Lula não pode abrir mão de seu legado. Das conquistas da classe trabalhadora. Eles vão partir para o desespero. O tudo ou nada.
Blog do Noblat – O sr. está preocupado? Está convicto da vitória neste segundo turno?
Frei Chico – Não vejo dificuldade para ganhar, mas tem que trabalhar. Não dá para ficar em casa sentado. O apoio dos candidatos que perderam é importante. Tem que ir para as ruas, repito. Ficar esperando resultado de pesquisa não dá voto. É trabalhar. Não vejo dificuldade para vencer, mas também não vejo facilidade.
Blog do Noblat – O sr. se frustou com o resultado do primeiro turno? A não eleição em primeiro turno.
Frei Chico – Não. Eu não estava convencido de vitória no primeiro turno. A campanha contra nós era muito forte. As pessoas estavam quietas, em silêncio e não davam brechas. Agora é ir para cima dessa gente, derrubar essas mentiras e falsidades. O Lula é vitorioso. Olha de onde ele saiu nos últimos anos, dura campanha da mídia contra ele. Olha onde chegou depois de tudo.
Blog do Noblat – O sr. concorda que Lula seja uma última saída a curto prazo para conter a extrema direita no Brasil?
Frei Chico – É uma boa análise. Concordo, claro. Por isso ele precisa estar vivo, precisa ser eleito e proteger as principais vítimas desse movimento que são os pobres, os mais vulneráveis. Esse pessoal da direita é insensível.
Blog do Noblat – Sobre o apoio de Ciro Gomes e Simone Tebet. Avalia como fundamentais?
Frei Chico – Achei que a Tebet foi mais contundente na sua declaração e na disposição de apoio. O Ciro foi meio vacilante. Mas não se pode dispensar o apoio dele. Só creio que não será fácil para ele fazer isso, terá que refazer seu discurso.