Por que deixar para o dia 30 o que se pode fazer hoje?
É sobre a democracia, sim, a eleição presidencial de hoje, como será no próximo dia 30 se houver segundo turno. Mas é também sobre um Brasil que poderia estar econômica e socialmente melhor se não fosse o passo desastrado que deu há quatro anos.
À época, não era uma escolha difícil a ser feita entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Mas se escolheu o pior. Se não for batido por Tarcísio de Freitas (PL) no segundo turno, Haddad governará o estado mais rico do país. Nada mal.
E Bolsonaro? Sob todos os aspectos, foi o pior presidente que o Brasil jamais teve. Passará à história como o único que tentou se reeleger e não conseguiu, apesar da dinheirama gasta para comprar os votos que perdeu de 2018 para cá. É o homem que virou suco.
Lula disse a propósito da eleição apertada das próximas horas:
Festejarei se ganhar no primeiro turno ou se for para o segundo. Se não der, temos que fazer que nem um time quando vai para a prorrogação: descansar 15 minutos e voltar a jogar outra vez para marcar o gol que não marcamos”.
Bolsonaro disse depois da última motociata que promoveu:
“São muitas manifestações pelo Brasil de carros, motos, vários setores da sociedade. Não tem como não termos no mínimo 60% dos votos. Espero que isso de fato aconteça”.
O delirante que acredita nas próprias mentiras é capaz de acreditar que se elegerá hoje com 60% dos votos. Nem há quatro anos isso aconteceu. Mas o que ele disse pode fazer parte dos preparativos para que diga também esta noite que lhe roubaram a eleição.
Entre seus atributos, não está a imaginação. Bolsonaro é previsível. Na noite de 7 de outubro de 2018, em sua casa na Barra da Tijuca, ao saber que não se elegera, enfureceu-se e disse que a eleição lhe fora roubada. E seguiu repetindo como um mantra.
Esperar dele o quê? Que admita a derrota? Que telefone para Lula? Que facilite a transição de um governo para o outro? Que participe da cerimônia de transferência da faixa presidencial em janeiro? Nem morta a Tchutchuca do Centrão fará isso, nem morta!
Bolsonaro imitará Donald Trump, que, por sinal, enviou-lhe mensagem desejando boa sorte. Outro que enviou: o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, um dos principais líderes da extrema direita global. Trump diz até hoje que derrotou Biden.
Trump incentivou seus adeptos a invadirem o prédio do Congresso americano. Essa coragem, Bolsonaro não terá. Ele não quer ser preso – tudo menos a prisão. Não quer que seus filhos sejam. Ele e os filhos são investigados por roubo de dinheiro público.
Enquanto Lula passou as últimas 48 horas à caça de votos para liquidar logo a fatura, Bolsonaro destacou-se por ter batido à porta da justiça para dificultar o comparecimento às urnas dos eleitores que dependem de transporte coletivo, os mais pobres. Perdeu.
Como perderá hoje. Ou como perderá no dia 30. Michelle Bolsonaro tem razão ao declarar:
“As portas do inferno não prevalecerão sobre o Brasil”.
*Noblat/Metrópoles