Com Kelmon e D’Ávila como estepes, Bolsonaro também deslocou o eixo das pautas de gênero que marcaram debates anteriores.
Como bem disse Lula ao padre, de onde o senhor veio? Não deveria estar aqui. O senhor é um candidato laranja.
Durante o terceiro e último debate presidencial antes do primeiro turno das eleições gerais de 2022, promovido na noite de quinta (29) pela Rede Globo, o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), adotou como estratégia evitar o ex-presidente Lula (PT), líder nas pesquisas, durante os confrontos diretos. Restou ao principal aliado de Bolsonaro no debate, o Padre Kelmon (PTB), perseguir embates contra o petista.
Com Kelmon e, por vezes, Felipe D’Ávila (Novo) servindo como estepes, Bolsonaro não só conseguiu fugir de Lula em algumas situações, como também deslocou o eixo das pautas de gênero que deram margem ao protagonismo de Soraya Thronick (União Brasil) e Simone Tebet (MDB) nos dois primeiros debates.
A estratégia de Bolsonaro ficou escancarada na oportunidade em que ele deveria apontar um adversário para fazer uma pergunta e, mesmo com Lula à disposição, preferiu fazer tabelinha com D’Ávila, já que Kelmon não poderia ser escolhido.
Internautas anotaram que Bolsonaro “pipocou”, ou seja, fugiu do confronto com Lula. Até mesmo antigos aliados, como o deputado federal Kim Kataguiri, do MBL, registrou a situação:
O embuste padre Kelmon, o escudo de Bolsonaro, decidiu provocar Lula com perguntas hostis relacionadas à corrupção e à suposta proximidade do ex-presidente com governos de esquerda pela América Latina que, segundo ele, promovem perseguição religiosa em seus países.
Candidato laranja
Em um dos pontos altos do debate, o padre – que usa vestes da Igreja Ortodoxa indevidamente – acabou sendo chamado de “impostor” e “candidato laranja” por Lula, que não admitiu ter sua fé e respeito às diversas religiões colocadas em xeque.
“Eu sou cristão, casado na igreja, batizado e frequentador, e não vejo na sua cara um respeitador da igreja, vejo um impostor”, disparou Lula.
Lula ainda disse que o padre sequer deveria ter se apresentado para o debate. “Se presta ao serviço de enganar o povo”, comentou Lula.
Kelmon também teve duelos marcantes com Soraya Thronick, que perguntou se o padre não tem medo de ir para o inferno e se não se arrepende de defender o governo Bolsonaro, responsável por uma gestão desastrosa na pandemia, entre outros maus feitos.
Descontrolado, Kelmon interferiu na resposta dos adversários em diversas oportunidades e recebeu inúmeras advertências do moderador do debate, William Bonner. Soraya chegou a chamar Kelmon de “padre de festa junina” e insinuou que ele não é um padre de verdade. A Igreja Sirian Ortodoxa negou vínculo com Kelmon.
Kelmon também teve duelos marcantes com Soraya Thronick, que perguntou se o padre não tem medo de ir para o inferno e se não se arrepende de defender o governo Bolsonaro, responsável por uma gestão desastrosa na pandemia, entre outros maus feitos.
O mito resolveu fazer uma dobradinha com o D'Ávilla em vez de enfrentar o Lula
— Kim Kataguiri 4433 (@KimKataguiri) September 30, 2022
Bolsonaro pipocou!
— Agência Sportlight (@agsportlight) September 30, 2022
Padre Kelman é a arma secreta bolsonarista, enviado para espalhar desinformção e desestabilizar o ex-presidente Lula e avacalhar o debate. Funcionou.
— Patricia Campos Mello (@camposmello) September 30, 2022
Kelmon faz pergunta ofensiva para Lula sobre corrupção. O ex-presidente o chama de candidato laranja. Cá entre nós, é lamentável que uma figura dessas, que não consigo entender como é padre, seja autorizada a participar de um debate presidencial. É um desclassificado.
— Helena Chagas (@helenachagas) September 30, 2022
Com o padre de festa junina queimado, Bolsonaro arranja outro cabo-eleitoral, o felipe coach #DebateNaGlobo
— thomas traumann (@traumann) September 30, 2022
*Com informações do GGN