Bolsonaro transforma 7 de Setembro em seu maior ato de campanha, ataca a esquerda e pede votos em evento oficial

Bolsonaro transforma 7 de Setembro em seu maior ato de campanha, ataca a esquerda e pede votos em evento oficial

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Em Copacabana, presidente evoca pautas conservadoras, defende empresários alvo da PF e chama Lula de “quadrilheiro”.

No dia em que transformou o bicentenário da Independência do Brasil e o feriado de Sete de Setembro num ato de campanha, violando a legislação eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro fez seu principal discurso em palanque montado na Praia de Copacabana, no Rio. Durante uma fala de pouco mais de 15 minutos, ele concentrou seus ataques à esquerda, citando governos de outros países, e ao petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na corrida ao Planalto.

— Compare o Brasil com a Argentina, a Venezuela e a Nicarágua. Eles são amigos do quadrilheiro que disputa a eleição. Esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública, teremos um governo muito melhor com a nossa eleição, com a graça de Deus — afirmou.

Bolsonaro acenou a seu eleitorado evocando pautas conservadoras, como a posição contrária à legalização das drogas e do aborto. Afirmou que seu governo apresentou ao povo como funciona o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) — nesse momento, o público respondeu com vaias ao Supremo —, e ressaltou que o Estado é laico, mas que é um presidente cristão. Além disso, voltou a citar corrupção:

— Falo palavrão, mas não sou ladrão — disse ele, que em nenhum momento citou o nome de seu principal adversário na corrida eleitoral, o ex-presidente Lula, a quem se referiu, no entanto, como “quadrilheiro de nove dedos”.

O discurso também abordou economia, com números, segundo ele, muito positivos. Ele reconheceu que há inflação no país. Mas ressaltou que a alta nos preços seria menor que a registrada na Europa e nos Estados Unidos. Bolsonaro também defendeu empresários alvos de operação da Polícia Federal por mensagens golpistas no WhtasApp — Luciano Hang esteve ao lado do presidente em Brasília e no Rio.

— Hoje estive com os empresários acusados de golpistas. Pelo amor de Deus. Eles tiveram a privacidade violada — disse ele, convocando os manifestantes a tomarem uma decisão “para se manter no caminho certo”. — Queremos que os empresários e que vocês tenham liberdade para decidir o seu futuro. Somos escravos das nossas decisões. Veja a vida pregressa, principalmente para tomar as suas decisões. Tenho certeza que vocês sabem o que fazer para se manter no caminho certo.

Palanque no Rio

Bolsonaro partiu em motociata do Aterro do Flamengo e foi anunciado no palco, em Copacabana, às 14h50, de onde assistiu apresentação da esquadrilha da fumaça e de paraquedistas do Exército e da Aeronáutica. Chegaram com ele, o governador do Rio e candidato à reeleição Cláudio Castro (PL), e o general Walter Braga Neto, vice na chapa do presidente. Recebido com gritos de “mito”, o presidente quebrou o protocolo e desceu para cumprimentar o público e caminhou junto ao gradil de isolamento.

No evento estavam ainda o senador e coordenador de campanha, Flávio Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, agora candidato a deputado federal, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, além de apoiadores de primeira hora, como Silas Malafaia, que cedeu um dos caminhões de som, e Daniel Silveira (PTB), que teve o registro de candidatura ao Senado negado pelo TRE, mas ainda tenta viabilizá-la.

Lula também foi alvo dos ataques do pastor Silas Malafaia antes de Bolsonaro se pronunciar no trio elétrico de Copacabana. Ele disse que “a Bíblia diz que o diabo é pai da mentira, e Lula é filho único”. Corrupção na Petrobras foi o tema central do discurso dele, enquanto o público gritava “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Já Cláudio Castro, sem citar Lula, disse que adversários do presidente falam em criação de empregos, mas que Bolsonaro que teria garantido a abertura de mais vagas no Brasil.

Quando Bolsonaro subiu no trio elétrico para discursar, enquanto era entoado o Hino Nacional, aviões militares continuaram realizando acrobacias sobre o público, a despeito do caráter político do pronunciamento do presidente que viria a seguir. Os céus ganharam até mesmo um coração amarelo desenhado por um dos pilotos com o candidato já posicionado para se dirigir aos apoiadores.

Recado ao STF em Brasília

A agenda de Bolsonaro no 7 de setembro foi dividida entre Brasília, pela manhã, e Rio. Na capital federal, os presidentes Luiz Fux, do STF, Rodrigo Pacheco, do Congresso, além do fiel aliado Arthur Lira, que comanda a Câmara dos Deputados, não participaram das atividades. Luciano Hang tomou o lugar do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, ao lado de Bolsonaro.

Bolsonaro abriu os eventos, pela manhã, defendendo a “liberdade” e ações do governo, em entrevista a TV Brasil. Em tom eleitoral, falou do Auxílio Brasil, Pix e da redução recente do preço do combustível. O presidente elevou o tom em seu discurso, em cima de um carro de som, dizendo que “todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal” — apoiadores do presidente exibiram faixas com mensagens de ataques ao STF e pedidos de intervenção militar. O presidente fez uma ameaça velada:

— É obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da Constituição. Com a minha reeleição, nós traremos para as quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora dela — discursou.

Ao criticar o PT, Bolsonaro disse que “sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por 14 anos no nosso país.”

‘Imbrochável’

Em mais uma fala machista da campanha, o Bolsonaro conclamou os apoiadores a compararem as primeiras-damas, fazendo menção a Michelle Bolsonaro e à mulher de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. Ele ainda usou o palanque para dizer que é “imbrochável”.

— Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, da família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não, às vezes ela está na minha frente. Eu falo aos homens solteiros: procure uma mulher, uma princesa, se case com ela para serem mais felizes ainda — disse o presidente, que depois puxou para si o coro de “imbrochável”.

*Com O Globo

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