Candidato defendeu a criação do “Ministério dos Povos Originários”, e renovou objetivo de acabar com o garimpo ilegal.
O candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), destacou nesta quarta-feira (31), em Manaus, que são cada vez mais visíveis o agravamento das condições climáticas em diversas partes do mundo. Desse modo, afirmou que a comunidade internacional tem responsabilidades urgentes a assumir na preservação e recuperação do meio ambiente. Para a Amazônia, Lula também defendeu a cooperação com países vizinhos e organismos internacional, tendo como condição a soberania brasileira sobre a região.
“Vamos discutir essas questões nas Nações Unidas, nos fóruns internacional. Porque o mundo não está para brincadeira”, disse o ex-presidente. “A gente tá vendo a água subindo, o gelo derretendo. É mais furacão aonde não tinha. Significa que alguma coisa não está sob controle. E nós temos que assumir responsabilidades. Somos passageiros, mas é preciso garantir que o planeta seja eterno”.
As declarações foram dadas a jornalistas em entrevista coletiva que antecedeu um encontro de Lula com lideranças indígenas e movimentos sociais da Amazônia, em defesa da bandeira do desenvolvimento sustentável. O presidenciável reafirmou que o objetivo não é manter a Amazônia intocável em sua totalidade. Mas combinar preservação com oportunidades de desenvolvimento para a região.
“Você pode tirar proveito na questão da indústria de fármacos, de cosméticos, para gerar oportunidades de empregos para as pessoas. Inclusive os parques nacionais, que foram criados e abandonados”, deu como exemplo. Assim, Lula voltou a defender a criação do Ministério dos Povos Originários, para que os indígenas possam decidir sobre a melhor as formas de explorar, de maneira responsável, as potencialidades da Floresta Amazônica.
Sem garimpo e sem mercúrio
“Tenho dito, por exemplo, que não haverá mais garimpo ilegal nesse país. Não haverá mais mercúrio (…), hoje vemos o Rio Tapajós banhado de mercúrio. A gente não pode acreditar que o ser humano seja tão insensível a ponto de não perceber o mal que ele está causando para o futuro do planeta”, declarou Lula.
Assim, o candidato se comprometeu, se eleito, a reforçar os órgãos de fiscalização ambiental. “O Ibama vai voltar a funcionar, com mais funcionários, com mais responsabilidade”, afirmou.
Para combater as queimadas e o desmatamento ilegal, Lula afirmou que é necessário estreitar a cooperação do governo federal com estados e municípios. “Quem sabe onde tem o fogo é o prefeito. Não adianta ficar discutindo lá em Brasília”. Por outro lado, lembrou que, durante o seu governo, as taxas de desmatamento caíram aos menores níveis.
O candidato ressaltou que pretende criar mecanismos que envolvam a sociedade nas decisões sobre o meio ambiente. Dessa forma, voltou a dizer que pretende substituir o Orçamento Secreto pelo “orçamento participativo”. “O país é do povo brasileiro, e nós precisamos fazer as coisas que interessam ao conjunto do povo brasileiro”.
De “ponta-cabeça”
Posteriormente, Lula participou de um encontro, no Museu da Amazônia, que reuniu lideranças de 35 entidades ligadas à preservação do meio ambiente. Além dos temas ligados ao desenvolvimento ambiental, ele destacou que decidiu disputar as eleições novamente “porque o Brasil piorou”.
“Os humanos estão ficando mais desumanos. A fraternidade e a solidariedade têm desaparecido do coração de muita gente. E muitas vezes o ódio está substituindo o amor, a fraternidade e a compaixão que aprendemos a ter, uns com os outros”, afirmou. Ainda assim, ele disse acreditar que é possível “recuperar o país” e “fazer o povo andar de cabeça erguida”.
“É possível continuar demarcando as terras indígenas, e cuidando para que as terras demarcadas não sejam invadidas, nem por madeireiro, nem por garimpeiro. Cuidando das nossas fronteiras, para evitar o tráfico de drogas e de armas. E cuidar do nosso povo para que ele possa viver com muita dignidade e respeito”, declarou.
Lula manifestou sua indignação com o avanço da fome que atinge 33 milhões de brasileiros atualmente. E criticou o avanço da informalidade. “O emprego formal com carteira assinada, com direito a férias, 13º e descanso semanal remunerado foi substituído pelo trabalho informal. No meu tempo de criança, era chamado de bico ou de biscate. Hoje eles dão a esse tipo de emprego o nome de empreendedor”.
O candidato ressaltou ainda os cortes em ciência e educação. “O país virou de ponta-cabeça. Nossas universidade e centros de pesquisas foram sucateados”. Lembrou que, no seu último ano de governo, em 2010, o orçamento para pesquisa chegou a R$ 41 bilhões. Neste ano, as verbas do Ministério da Ciência.
*Com Brasil de Fato