Após ganhar contratos milionários com a Petrobras, amigo de Moro teria sido beneficiado com Fundo Partidário

Após ganhar contratos milionários com a Petrobras, amigo de Moro teria sido beneficiado com Fundo Partidário

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O ex-juiz Sergio Moro ainda não foi eleito, mas já entra oficialmente na vida política-partidária com polêmicas. Moro escolheu para ser seu candidato a primeiro-suplente no Senado, pelo Paraná, o advogado Luis Felipe Cunha, filiado ao União Brasil. Cunha firmou contratos milionários na Petrobras quando Moro era juiz na Lava Jato e, agora, é acusado pelo Podemos – antigo partido de Moro – de querer receber R$ 60 mil sem contraprestação de serviços.

Segundo o GGN, com vários investimentos no banco BTG Pactual, Cunha declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio superior a R$ 7,1 milhões. No auge da Lava Jato, Cunha firmou contratos com a Petrobras que somaram R$ 7,2 milhões.

Amigo pessoal do ex-juiz há mais de uma década, hoje Cunha coordena a campanha de Moro ao Senado. Sua principal função, segundo apuração de Igor Gadelha, do Metrópoles, é garantir que Moro não seja financiado por empresas privadas.

Quem financia a campanha de Moro

Até agora, Moro arrecadou R$ 2,232 milhões para sua campanha – sendo R$ 2,223 milhões repassados pelo União Brasil, e R$ 9 mil doados por outro amigo do ex-juiz, o empresário Ricardo Augusto Guerra (União Brasil), que é candidato a segundo-suplente de Moro. À Justiça Eleitoral, Guerra declarou patrimônio de R$ 20 milhões. Já Sergio Moro declarou R$ 1,58 milhão em bens.

Cunha, o primeiro-suplente de Moro, é dono de um escritório de advocacia que firmou quatro contratos milionários com a Petrobras, centro das investigações da Operação Lava Jato, então julgada por Moro.

Uma apuração da Veja, por meio da Lei de Acesso à Informação, mostrou que os acordos da empresa de Cunha com a Petrobras começaram em 2017, totalizam R$ 7,2 milhões, e três ainda estavam em vigor em março de 2022. O escritório Vosgerau & Cunha Advogados trabalha na área trabalhista e ambiental para a Petrobras, não em litígios criminais.

Podemos acusa pagamento indevido a amigo de Moro

Nesta terça (30), o advogado Luis Felipe Cunha, amigo de Moro, está no centro de uma discussão entre o ex-juiz e o Podemos. O Podemos afirma que Moro usou dinheiro público do Fundo Partidário para beneficiar Cunha, suspendeu os pagamentos e ameaça pedir a restituição dos valores à Justiça.

Segundo a denúncia, uma outra empresa de Cunha, a consultoria Bella Ciao, cobrou R$ 60 mil do Podemos para ajudar no programa de governo de Moro à Presidência. Moro saiu do Podemos para concorrer ao Senado pelo União Brasil, tentando ficar com a cadeira do padrinho político Álvaro Dias, e deixou para o Podemos uma série de despesas a serem pagas.

O Podemos alega que nunca concordou em pagar “despesas pessoais” de Moro por meio da empresa de Cunha, disse que o advogado não apresentou provas da prestação do serviço e criticou que ele esteja buscando outras formas de receber dinheiro do Fundo Partidário. Moro, por sua vez, afirma que o Podemos pratica corrupção e lavagem de dinheiro.

Dallagnol também protagoniza escândalo no Podemos

Se favoreceu o amigo com verba do Fundo Partidário do Podemos, Moro não seria o primeiro. O ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, virou alvo de uma ação cautelar justamente porque existe uma suspeita de que tenha beneficiado um ex-assessor e pessoa de confiança, o advogado Matheus Carmo, com R$ 100 mil do Podemos. No caso de Dallagnol, a coligação Brasil da Esperança no Paraná acredita que parte do dinheiro está sendo desviado para custear despesas de campanha. O caso ainda está sob apuração.

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