Lula foi alvo de manipulação após debate da Globo em 1989

Lula foi alvo de manipulação após debate da Globo em 1989

Compartilhe

Com um passado de atritos e uma relação de altos e baixos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta à Globo na noite de hoje para participar da terceira sabatina promovida pelo Jornal Nacional com os principais candidatos à Presidência da República.

Um dos principais pontos de embate dessa relação aconteceu em 1989, na primeira eleição direta para a Presidência após o período da ditadura militar.

Na ocasião, o debate ao vivo ocorreu entre ele e o candidato do PRN, Fernando Collor de Mello. No dia seguinte, a TV exibiu duas matérias com edições dos melhores momentos. Uma foi ao ar no Jornal Hoje e outra no Jornal Nacional. Esta última foi a mais polêmica.

O Partido dos Trabalhadores acusou a Globo de privilegiar o candidato do PRN. Segundo o PT, foram ao ar os melhores momentos de Collor no debate e os piores de Lula. Além disso, Collor teve ainda mais tempo de tela do que o adversário.

O PT chegou a mover uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) solicitando que novos trechos do debate fossem apresentados no JN antes das eleições, mas o recurso foi negado.

Um grupo de artistas da própria emissora protestou contra a edição do jornal na sede da Globo, no Rio. Collor acabou vencendo as eleições com 53% dos votos.

A Globo admitiu culpa no episódio, mas só a partir dos anos 2000. Lula se referiu no passado como uma “mutreta” da Globo para derrubá-lo nas eleições a edição do último debate de segundo turno.

Emissora admitiu culpa

Em 2001, em entrevista ao Memória Globo, o diretor de jornalismo na época do debate, Armando Nogueira, afirmou que houve manipulação do debate e concluiu que a falha foi “um gol contra da TV Globo” e um “desserviço” à emissora.

Ele explicou ainda que a segunda reportagem, no Jornal Nacional, foi “deturpada” por profissionais hierarquicamente abaixo dele e que só tomou conhecimento quando o material foi ao ar.

O ex-diretor geral da Globo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, também comentou o assunto anos depois e também admitiu o erro.

“Achei que estava desigual. Foi uma maneira de melhorar a postura do Collor”, afirmou ao Dossiê GloboNews, em 2011, revelando até o uso de suor falso em Collor para melhorar a imagem dele.

Os responsáveis pela edição do Jornal Nacional explicaram que usaram os mesmos critérios de edição de uma partida de futebol para transmitir o debate, selecionando os melhores momentos de cada candidato. A intenção era deixar claro que Fernando Collor de Mello havia sido o vencedor. O assunto voltou a ser comentado em 2015. Durante o especial em comemoração aos 50 anos da Globo, a TV fez um mea-culpa sobre a polêmica edição.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: