Início de colheita, guerra e inverno europeu ameaçam diesel no Brasil

Início de colheita, guerra e inverno europeu ameaçam diesel no Brasil

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O segundo semestre traz consigo cenários, domésticos e internacionais, que podem provocar desabastecimentos pontuais de diesel em algumas regiões do país, é o que afirmam alguns especialistas de inteligência de mercado ouvidos pelo Congresso em Foco. A escassez de diesel na Europa, que precisa do combustível para enfrentar o inverno que se aproxima, a guerra entre Rússia e Ucrânia, e a iminência do início da colheita safra no Brasil apontam para uma corrida para importação dos estoques dos Estados Unidos, principal fornecedor do país.

“Considerando que a gente tem que importar quase 30% do diesel consumido no país, a gente pode ter alguma dificuldade de suprimento de diesel. Pelo o que eu tenho acompanhado no mercado, eu não vejo risco de um desabastecimento generalizado no Brasil, mas pode sim acontecer em algumas regiões por causa do aumento na demanda no segundo semestre, o que é habitual em função da necessidade da movimentação da safra, e com as restrições que estão acontecendo no mercado internacional”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Diesel (Abicom), Sergio Araujo.

A avaliação sobre a possibilidade de um desabastecimento de diesel no Brasil neste segundo semestre é compartilhada com Bruno Cordeiro Santos, analista de inteligência de mercado da empresa de consultoria StoneX.

“A gente vê os estoques de diesel, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, operando nas mínimas históricas”, explica Santos. “O que preocupa é que, eventualmente, a Rússia possa reduzir as exportações de diesel ou até mesmo interrompê-las para a Europa, fazendo que os países recorram mais ao diesel dos Estados Unidos. Como o diesel estadunidense é o que a gente mais importa aqui no Brasil, existe sim uma preocupação em relação às importações.”

Petrobras nega informação sobre estoque

O Congresso em Foco encaminhou à Petrobras, através da Lei de Acesso à Informação (LAI), questionamento sobre qual o estoque de diesel disponível no Brasil e por quanto tempo o combustível supriria as necessidades internas. A Petrobras negou o acesso à informação alegando que “possuem natureza comercialmente estratégicas e sensíveis para esta companhia, de modo que caso sejam revelados, podem afetar a competitividade da Petrobras, causando-lhe desvantagens em suas relações negociais.”

Para Wallace Landim, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), a falta de transparência em relação aos estoques de diesel do Brasil preocupam também os caminhoneiros, responsáveis pelo escoamento da safra.

“O governo e a Petrobras precisam tratar a categoria com respeito e transparência, e dizer qual o estoque de segurança disponível no Brasil. Outro sinal de alerta é que o diesel baixou na refinaria mas nas bombas não, é um sinal que tem pouca oferta, e o movimento para baixar o preço é irresponsável e eleitoreiro.”

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