A pesquisa Ipec sobre a sucessão presidencial traz notícias alentadoras para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o levantamento – que foi divulgado nesta segunda-feira (15) –, o ex-presidente inicia a campanha com chances de decidir a eleição de outubro já no primeiro turno.
Para isso, é preciso ter uma maioria simples dos votos válidos (50% + 1) – e Lula tem 52%. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, é possível que, hoje, a soma das intenções de votos de todos os candidatos seja similar à de Lula – o que torna o cenário indefinido.
Ainda assim, os números surpreendem porque, nas duas semanas anteriores, o presidente Jair Bolsonaro (PL) parecia esboçar uma reação e praticamente garantir que o pleito fosse para o segundo turno. Tanto que “um dos mais respeitados pesquisadores do mercado eleitoral”, entrevistado em off, no sábado (13), pelo jornalista Ricardo Kotscho, cravava uma projeção: num intervalo de dois meses, a chance de Lula vencer a eleição em um único turno havia caído de 25% para 6%.
Mas já na segunda-feira, horas antes de a TV Globo divulgar os resultados do Ipec, a nova pesquisa do instituto FSB, contratada pelo BTG Pactual, indicava uma reviravolta. Conforme o levantamento, Lula cresceu quatro pontos percentuais em uma semana, saltando de 41% em 8 de agosto para 45% no dia 15. Bolsonaro, no mesmo período, manteve-se no patamar de 34%.
Há um recorte da pesquisa Ipec, porém, que chama a atenção a 48 dias de 2 de outubro: trata-se do chamado “voto convicto”. Os eleitores lulistas e os bolsonaristas são os mais fiéis a seus candidatos – 82% deles se dizem “decididos” e asseguram que não mudariam de voto em hipótese nenhuma.
O terceiro colocado nas pesquisas, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) – que aparece com 6% das intenções de voto –, vive situação inversa. Somente 36% dos eleitores afirmam que marcharão com Ciro sob qualquer circunstância. Em contrapartida, 64% dos “ciristas” admitem que ainda podem mudar de escolha – algo como dois a cada três eleitores do pedetista. No caso de Simone Tebet (MDB), os “infiéis” chegam a 70%.
Não se sabe se o Ipec perguntou a esses apoiadores – de Ciro ou de Tebet – qual seria seu candidato alternativo, mas levantamentos de outros institutos indicam que Lula despontaria como principal herdeiro de um “voto útil”. Assim, conforme resumiu Nicolas Iory no blog Pulso (O Globo), “a migração de eleitores de Ciro e outros candidatos para Lula ou Bolsonaro pode definir a necessidade ou não de um segundo turno na disputa pela Presidência”. O eleitor infiel de Ciro, em especial, virou uma espécie de fiel da balança e pode dar a vitória a Lula.
* Vermelho