Assombrações fluminenses: Os fantasmas de Castro e a reaparição de Witzel

Assombrações fluminenses: Os fantasmas de Castro e a reaparição de Witzel

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Escândalo do Ceperj complica atual governador e dá palanque a ex-juiz, que tenta ressurgir no papel de vítima.

Depois de dois anos, o governador do Rio, Cláudio Castro, ganhou um escândalo para chamar de seu. O caso da folha de pagamento secreta revelou um novo tipo de esquema na administração estadual. A Fundação Ceperj foi transformada numa fábrica de dinheiro vivo, que distribuiu R$ 226 milhões em saques na boca do caixa.

O ritmo dos pagamentos disparou desde o início do ano. Isso reforça a suspeita de que a fundação tenha se tornado um cabide para remunerar cabos eleitorais. Uma planilha com o nome “governador” sugere a participação direta do Palácio Guanabara.

O escândalo foi revelado pelo UOL, que noticiou a contratação de 18 mil pessoas sem registro no Diário Oficial. A falta de transparência encobriu outras irregularidades, como a acumulação ilegal de cargos públicos e o pagamento a funcionários fantasmas. Em outra frente, servidores disseram à TV Globo que devolviam parte dos salários a dirigentes do Ceperj, numa operação que lembra a rachadinha do clã presidencial.

Para o Ministério Público, as nomeações secretas inviabilizam “qualquer possibilidade” de controle externo sobre o uso dos recursos públicos. É o ambiente ideal para o clientelismo e a corrupção que dominam há décadas a política estadual.

Nos últimos anos, o Rio teve cinco ex-governadores presos: Moreira Franco, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. O sexto, Wilson Witzel, foi cassado após a descoberta de desvios na saúde. Deixou de herança o vice, que já foi acusado de receber propina em delação premiada. Ele se diz inocente e tenta anular o caso no Superior Tribunal de Justiça.

No primeiro debate da campanha, Castro foi cobrado pelo escândalo do Ceperj. Numa resposta mambembe, disse que “não existe fantasma algum se a pessoa tem que ir ao banco receber”. O fato de sacar dinheiro no caixa não garante que o funcionário cumpra as funções para as quais foi contratado.

Além de complicar o governador, o caso arrisca dar palanque a outra assombração fluminense. Recém-filiado ao Partido da Mulher Brasileira, Witzel ensaia uma reaparição no papel de vítima. Apesar da cassação dos direitos políticos por cinco anos, o ex-juiz quer disputar a eleição de outubro. Na quinta-feira, ele se referiu a Castro como “aquele inescrupuloso” e prometeu voltar ao cargo do qual foi apeado.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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