A revista Veja revelou nesta sexta-feira (12) fotos que comprovam a ida do hacker Walter Delgatti ao Palácio da Alvorada para um encontro com Bolsonaro. Também ao veículo, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira relatou que a equipe de campanha pela reeleição do chefe do Executivo tentou se aproveitar da fragilidade financeira de Delgatti para manipulá-lo e convencê-lo a ser uma espécie de “garoto-propaganda”.
A reportagem relata um momento em que o advogado e o hacker estavam em um carro com Bruno Zambelli, irmão da deputada federal Carla Zambelli e candidato a deputado estadual em São Paulo, a caminho de um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. “A conversa começou repleta de elogios à competência do hacker em promover a reviravolta da Vaza-Jato. Envaidecido, ele discorreu com desenvoltura sobre as possibilidades de se invadir as urnas eletrônicas, sem dizer ali, no entanto, como faria isso com equipamentos que não são conectados à internet. A conversa inicial empolgou até o próprio Valdemar, visto como avesso às ideias tresloucadas de Bolsonaro de atacar o sistema de votação como parte da estratégia eleitoral. Aos poucos, porém, diminuiu ali a certeza sobre o sucesso de uma eventual invasão dos sistemas de votação e apuração. O foco mudou para uma possível grande jogada da campanha de Bolsonaro, que independia de as vulnerabilidades do processo serem verdadeiras ou não, tendo Delgatti como garoto-propaganda”.
“Afinal, se o homem que invadiu as mensagens trocadas entre os agentes da maior investigação de políticos da história simplesmente viesse a público alegando que as urnas são fraudáveis, muitas pessoas poderiam ficar em dúvida. O raciocínio é que, nessa hipótese, seria difícil até para a esquerda se contrapor a Delgatti, já que ele é tido como um ídolo desde as revelações da Vaza-Jato”, acrescenta a matéria do jornalista Reynaldo Turollo Jr.
O advogado conta que deixou de participar das agendas após começarem as contestações às urnas eletrônicas. “A hora que partiu para essa questão de o Walter afirmar que as urnas podem ser fraudadas aconteceu um mal-estar muito grande. Eu dei opção para o Walter ir embora comigo, disse que isso ia gerar um problema gigantesco para ele, para mim e para várias pessoas. Optei por pegar as minhas coisas e sair. (…) Acho que as urnas são um assunto delicado, não tenho propriedade para falar sobre isso e penso que o Walter também não tem. Não vou compactuar”.
*Com 247