RJ: Campeão em salários dos cargos secretos não consegue explicar o que faz

RJ: Campeão em salários dos cargos secretos não consegue explicar o que faz

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Citado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) como o funcionário que recebeu mais dinheiro por meio dos cargos secretos do governo fluminense, o jornalista Fabrício Manhães Cabral mal consegue explicar o que faz na Fundação Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio).

Em entrevista ao UOL por telefone, o funcionário, que ganhou R$ 122,8 mil somente nos primeiros sete meses deste ano, admitiu que acumula funções em dois projetos ao mesmo tempo. Ele confirmou que foi indicado pelo vereador de Campos dos Goytacazes Helinho Nahim (Agir, antigo PTC), aliado do líder do governo Cláudio Castro (PL) na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ), Rodrigo Bacellar (PL).

Cabral recebeu de janeiro a julho dois pagamentos por mês: um de R$ 8.849 e outro de R$ 8.700. De acordo com a planilha enviada pelo banco Bradesco ao MP, com exceção do último pagamento, de R$ 8.700, todo o restante foi sacado na boca do caixa, em dinheiro vivo.

A Fundação Ceperj afirmou em nota que Cabral é “superintendente de projetos”. “Ele não está vinculado a apenas um único [projeto], sendo responsável pela gestão de suas equipes”, disse o órgão.

A Ceperj disse ainda que o “prestador de serviços recebe de acordo com suas entregas, produção, nível de complexidade e responsabilidade de projetos” e que “não há impedimento legal para que ele participe de mais de um projeto, desde que tenha disponibilidade de horário”.

A Secretaria de Governo disse que desconhece a indicação do vereador Helinho Nahim.

Na ação que entrou contra a Ceperj, o MP-RJ aponta indícios de irregularidades no acúmulo de funções na Ceperj, por serem “atividades que haveriam de ser desempenhadas em caráter permanente, ao longo de todo o período de duração do projeto, e cuja execução demanda subordinação, carga horária semanal mínima, controle de frequência, e pagamento de remuneração mensal sistemática e contínua”.
Ligação com aliado de Cláudio Castro.

Conforme o UOL revelou, o MP-RJ detectou que R$ 226 milhões foram sacados em dinheiro por funcionários da Ceperj neste ano. O volume em espécie representa 91% de tudo o que a fundação pagou a eles entre janeiro e julho (R$ 248,9 milhões).

Dos 14 salários recebidos pelo jornalista, cinco foram retirados em dinheiro na agência de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, a mesma em que os promotores constataram saques de mais de R$ 500 mil em apenas um dia (14 de junho). Na capital, foram dois saques no bairro da Glória, dois no Catete, três no Centro, além de um depósito em conta corrente também na Glória.

Tanto Cabral quanto Helinho Nahim —com quem o UOL também conversou por telefone— confirmaram que a indicação para o cargo foi do vereador. O jornalista trabalhou oficialmente como chefe de gabinete na Câmara de Campos até dezembro, com salário de R$ 4.511.

Inicialmente, Nahim falou —de forma genérica— que indicou Cabral para o “governo”. Depois de alguma insistência, afirmou que o indicou para a Secretaria de Governo, quando a pasta era comandada por Rodrigo Bacellar.

“Eu sou vereador da base do deputado Rodrigo Bacellar. Isso é público e notório”, disse Nahim.

Procurado pela reportagem, por meio de sua assessoria de imprensa, o deputado estadual Rodrigo Bacellar não se pronunciou.

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