Edvaldo Brito, que denunciou esquema no Ministério da Educação, revelou pedido de R$ 100 mil por parte de pastor próximo a Jair Bolsonaro.
O empresário Edvaldo Brito, responsável por denunciar o esquema de corrupção no Ministério da Educação (MEC) que levou à prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, deu detalhes sobre como funcionava a cobrança de propina para receber repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em entrevista ao Fantástico neste domingo (26), segundo o 247.
O FNDE é responsável por distribuir verbas do MEC para estados e municípios. A polícia entende que, por intermédio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, próximos de Milton Ribeiro e Jair Bolsonaro (PL), era cobrado o pagamento de propina para organizar reuniões e direcionar os recursos do FNDE.
“Eu descobri que o ministro tinha um gabinete itinerante. Os técnicos do FNDE iam para um determinado município, organizavam um evento em parceria com os municípios, e aí todos os outros municípios eram atendidos”, disse Brito.
O empresário e radialista, então, conseguiu o contato de Gilmar Santos e agendou reunião em Brasília, em maio de 2021. “Eu vi que realmente tinha uma mesa lá em que ele atendia, conversava. Depois, chamava o outro na mesa.” Após a conversa, foi aprovada a ida do gabinete itinerante a Nova Odessa, cidade de Brito.
No entanto, depois disso, os pastores fizeram dois pedidos ao empresário: que ele e o prefeito do município interiorano fossem a Brasília para gravar um vídeo com o então ministro Milton Ribeiro, e o pagamento de uma propina no valor de R$ 100 mil, sob o pretexto de uma ‘doação para uma obra missionária’.
“O próprio Arilton disse: ‘Olha, eu preciso que você faça uma doação. É para uma obra missionária’. Eu falei: ‘Tudo bem. E de quanto é essa doação?’, aí ele falou: ‘Ah, por volta de R$ 100 mil reais é a doação’. Eu falei: ‘É muito. Eu não tenho. Eu não tenho condição. Mas eu tenho amigos, pessoas, empresários que costumam investir na obra e que eu vou pedir a doação’”, detalhou Brito.