Comitiva brasileira foi aos Estados Unidos para participar da Cúpula das Américas.
Estadão – O presidente Jair Bolsonaro (PL) estava em viagem aos Estados Unidos quando, segundo o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, ligou para alertar que ele poderia ser alvo de buscas na investigação sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação (MEC).
Bolsonaro viajou a Los Angeles para participar da IX Cúpula das Américas. Ele também teve um encontro com o presidente americano Joe Biden.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, estava na comitiva brasileira. A Polícia Federal (PF), responsável pela operação que dias depois chegou a prender Ribeiro, integra a pasta. A PF mantém o ministro informado de suas missões diariamente. A própria agenda oficial de Torres cita a participação no evento.
Em uma conversa telefônica interceptada, o ex-ministro da Educação indicou ter sido alertado pelo presidente sobre o risco de abrirem buscas contra ele. “Ele (Bolsonaro) acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, afirma. A ligação, com a filha, é interrompida tão logo ela informa que está ligando do “celular normal”. “Ah é? Ah, então depois a gente se fala”, responde Milton Ribeiro. A resposta chamou atenção dos investigadores, que desconfiam que o ex-ministro sabia que estava sendo grampeado e poderia estar usando números de telefone alternativos.
As suspeitas levaram a Procuradoria da República no Distrito Federal a pedir o envio do processo de volta ao Supremo Tribunal Federal (STF), para que seja investigada “possível interferência ilícita” de Bolsonaro.
Quando deixou o governo, o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, também acusou o presidente de tentar interferir politicamente na PF para blindar aliados de investigações. A investigação aberta a partir das acusações do ex-juiz foi concluída em março e a Polícia Federal não viu elementos para denunciar Bolsonaro.