O vale mensal de R$ 400, segundo os líderes da classe, não aplacaria os impactos dos sucessivos aumentos no preço do diesel.
Representantes dos caminhoneiros têm criticado duramente a proposta do governo federal de conceder auxílio mensal de R$ 400 para a categoria, como forma de amenizar a alta do preço do diesel. O subsídio, segundo os líderes da classe, não aplacaria os impactos dos aumentos, informa o Correio Braziliense.
O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, classificou o valor como “esmola”. Segundo ele, o auxílio não pagaria a recapagem de pneu. “Essa proposta é um deboche”, declarou o parlamentar.
Discutida desde 2019, a proposta voltou a ser pauta após reuniões entre o governo e líderes do Congresso, e pode ser votada na semana que vem. O auxílio deve ser incluído na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) relativa à compensação de quase R$ 30 bilhões concedida a estados que concordem em zerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço (ICMS) do diesel, do gás de cozinha e do gás natural.
Nos últimos 12 meses, a alta do diesel chegou a 52,6%. O último aumento, de 14,26%, ocorreu no dia 17 de junho. Segundo Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), o governo federal tem adotado medidas sem eficácia, apenas norteadas por interesses eleitorais.
Com a inflação pressionando a economia em ano eleitoral, a intenção de criar os vouchers para os transportadores parece capaz de aliviar o aumento de imediato. Mas a reivindicação dos líderes da classe é de que o governo adote medidas que estabilizem o preço do combustível nos postos, como a criação de um fundo para amortecer os aumentos e o fim da Paridade dos Preços de Importação (PPI).
Apesar do descontentamento geral com os reajustes dos preços dos combustíveis, uma nova paralisação geral é considerada como algo difícil de ocorrer. Ainda não há uma articulação definitiva no sentido de uma greve, como a que aconteceu em 2018 no governo Temer, quando a categoria parou por 10 dias. Segundo líderes de entidades, contudo, é improvável, mas não impossível.