O núcleo duro da campanha de Jair Bolsonaro (PL) trata a disputa eleitoral como um caminho de mão único se ele não quiser passar vexame nas eleições 2022. O grupo entende que precisa roubar 5% do principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até meados de agosto. A definição se dá para evitar uma catástrofe em outubro: a derrota em primeiro turno.
O DCM apurou que as pessoas mais próximas do presidente já apresentaram um gráfico que mostra realidade semelhante ao das pesquisas eleitorais. Os mais conservadores do grupo, políticos do Centrão, dizem que Lula tem entre 43% e 47% dos votos válidos, ou seja, estaria muito próximo de fechar a fatura ainda no primeiro turno eleitoral, o que seria considerado um vexame por parte de bolsonaristas.
Embora o presidente cogite tentar um golpe e ataque as urnas eletrônicas, na Campanha ninguém leva a ideia a sério porque sabe que ele não teria apoio e que a população não comprou a briga de supostas fraudes eleitorais. Por isso, eles trabalham com a possibilidade de uma virada na reta final das eleições, amparados pelo antipetismo que deve crescer, na visão do grupo.
“A gente acha que dá pra tirar de 5 a 7 pontos do Lula a partir de agosto e chegar nas eleições equilibrado”, disse uma fonte ouvida pela reportagem e que é ligada à campanha bolsonarista. “Mas é fundamental fazer isso até agosto, senão a vaca vai para o brejo”.
O cálculo é matemático. Os bolsonaristas da campanha defendem que, se Lula chegar em setembro com 45% dos votos válidos, haverá a mesma onda que houve com Bolsonaro em 2018 e que o fez saltar de 37 para 46% em uma semana. “Se o Lula chegar nestes termos de hoje, ele leva no primeiro turno porque haverá migração”, garante um deputado que apoia o presidente.
Como a campanha de Bolsonaro pretende virar o jogo ainda é um mistério, já que a aposta em temas conservadores e no antipetismo não tem dado certo. O receio de todos os envolvidos é que Lula mantenha firme os números, já que este é o desempenho dele desde 2018.
Bom, se no meio do caminho, ele não aprontar uma surpresa e virar o Brasil de cabeça pra baixo.