Com fracasso da economia e da terceira via, ‘mercado’ quer ouvir Lula sobre o futuro

Com fracasso da economia e da terceira via, ‘mercado’ quer ouvir Lula sobre o futuro

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“Muitos empresários se preocupam com responsabilidade social e ambiental”, diz Padilha. Para Guilherme Mello, modelo imposto pelo golpe não cabe no século 21, informa a Rede Brasil Atual.

O mundo empresarial e financeiro e seus porta-vozes na imprensa tradicional e na política não conseguiram “domar” Bolsonaro como imaginavam. Depois de operar para tirar o PT do governo com o golpe de 2016, pagaram para ver no que daria – tirando Lula da eleição – e deu no ex-capitão. A população sente no bolso e na mesa o fracasso da economia, que começou com o governo golpista de Michel Temer e só piorou. Além disso, o Brasil virou vergonha global. Mesmo antes da pandemia e da guerra na Ucrânia, o país estava sem rumo. Por tudo isso, o dito “mercado” já sabe que, sob as regras do jogo democrático, a volta de Lula ao governo é iminente, como indicam as pesquisas.

A rejeição ao nome de Jair Bolsonaro não abre espaço, até o momento, para que tire pontos do líder. Lula, por sua vez, tem a menor rejeição entre os candidatos que se apresentaram. E os que desistiram, como João Doria (PSDB) e Sergio Moro (União), nada afetaram a disputa.

Lula vinha oscilado entre 45% e 52% dos votos válidos (descontados brancos e nulos), conforme a metodologia. Mas no Datafolha desta quinta (26), chegou a 48%. Desse modo, a hipótese de que a eleição se resolva no primeiro turno, em 2 de outubro, é respeitável. Ou seja, em vez de brigar com os fatos e com a democracia, é melhor o mercado ouvir o que Lula pensa e negociar uma boa transição para uma nova era.

Dialogar e negociar, aliás, é especialidade do ex-presidente, como dizem seus interlocutores. Porém, Lula não tem se exposto a encontros com empresários que em grande medida responsabiliza pelo golpe que trouxe o caos. Assim, pessoas ligadas à construção do seu programa de governo são frequentemente designadas para ir reuniões com o capital.

Neoliberalismo fracassado

“O ultraliberalismo e a austeridade sem consequências se revelaram um modelo arcaico e fracassado. As grandes economias do mundo estão preocupadas com ampliação de investimentos públicos que atraiam recursos privados. Com redução das desigualdades. E, sobretudo, com a construção de um novo modelo de produção que tenha a sustentabilidade como norte. E não como algo simbólico para maquiar imagens. Isso não é possível sem a mediação e a coordenação do Estado”, afirma Mello.

E reforça: governos dos Estados Unidos à China, passando por Alemanha, Coreia, Japão, entre outros, estão investindo pesado em transição ecológica e social. Portanto, segundo o economista, não prospera mais o falso dilema ou Estado, ou mercado.
“O capitalismo precisa produzir, encontrar novas formas de energia, novos padrões de consumo, criar empregos e reduzir desigualdades. E o Estado não precisa ser um ente intervencionista, mas tampouco pode liberar geral. Precisa atuar dentro de suas responsabilidades.”

“E o que temos dito é isso: Lula sabe fazer, e já mostrou isso (2003-2010). Mas também sabe que não vai fazer igual, porque o mundo mudou. Entretanto está convicto, ainda, de que tem um conceito sólido e moderno guiando esse projeto para reconstruir o Brasil. Nas economias do século 21 não há espaço para os erros do passado”, afirma o professor da Unicamp.

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