Segundo Malu Gaspar, de O Globo, pressão de Jair Bolsonaro sobre a Petrobras para troca de três diretores, dos quais dois não têm relação com a definição de preços de combustíveis, é atribuída na cúpula da petroleira a um grupo de “espiões”, ex-militares que o presidente colocou em postos-chave na companhia.
Os assessores da presidência da Petrobras Carlos Victor Nagem e o Angelo Denicoli, além do gerente-executivo de segurança Ricardo da Silva Marques, são chamados pelos na empresa de “dedos-duros de Bolsonaro”.
Ex-militares, foram indicados pelo próprio presidente da República para seus cargos. Eles recebem salários de cerca de R$ 55 mil mensais.
Marques foi quem repassou a Bolsonaro, no auge da Covid, um documento falsamente atribuído ao Tribunal de Contas da União, que supostamente demonstrava que 50% das mortes registradas no Brasil na pandemia teriam ocorrido por outros motivos.
Neste momento, porém, de acordo com os relatos de quatro executivos e ex-executivos da Petrobras com quem conversei nos últimos dias, quem mais trabalha pela troca dos diretores de relações institucionais e de tecnologia são Nagem, conhecido como “capitão Victor”, e Denicoli, major da reserva.
Se depender da vontade de Bolsonaro, as duas diretorias devem sofrer mudanças, no embalo das trocas que o presidente quer fazer na área financeira e a própria presidência da Petrobras, José Mauro Coelho.
Num discurso em São Paulo nesta terça-feira (16), o presidente da República afirmou que será “obrigado a mexer peças no tabuleiro” da Petrobras.
Para isso, ele conta com seus informantes, ambos adeptos de teorias caras ao bolsonarismo.
Nagem, por exemplo, se refere ao ex-presidente da companhia Roberto Castello Branco, como um adepto do “globalismo”, por ele ter comandado a privatização da BR Distribuidora e a venda de refinarias.
O globalismo, conceito propagado pelo ex-guru bolsonarista Olavo de Carvalho, teria a pretensão de destruir a nação para favorecer os interesses de uma “elite transnacional global”.
Como o diretor de relações institucionais, Rafael Chaves, foi levado para a Petrobras por Castello Branco, não seria alguém confiável, na opinião de Nagem.
O próprio Bolsonaro já queria demitir Chaves desde que o general Joaquim da Silva e Luna assumiu o comando. Silva e Luna, porém, não só não o demitiu, como promoveu a diretor. Bolsonaro não perdoou e agora quer aproveitar para substituí-lo.
Além dessa questão pessoal, pesa na decisão o fato de que na área de relações institucionais são feitos todos os contratos de publicidade da companhia.
Nos últimos três anos, a Petrobras aplicou R$ 100 milhões em campanhas. A diretoria de Rafael Chaves também administra os programas de responsabilidade social, que atuam em diversos estados.
Para a outra área cobiçada pelos “espiões” de Bolsonaro”, a de tecnologia, o candidato preferido é o ex-diretor da Gol Paulo Palaia, amigo pessoal de Denicoli e igualmente seguidor de Jair Bolsonaro.