Batizada de Calígula, ação contra bicheiro e assassino de Marielle cumpre 29 mandados de prisão, inclusive dos delegados Marcus Cipriano e Adriana Belém.
Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) afirmaram na tarde desta terça-feira, durante uma entrevista coletiva na sede do Ministério Público do Rio, no Centro, que a Calígula Operação, que culminou na prisão dos delegados Marcus Cipriano e Adriana Belém, vazou. A promotoria chegou a esse consenso após encontrar na casa de Cipriano a decisão de prisão, proferida pelo juiz Bruno Ruliere.
Deflagrada nesta terça-feira contra a organização criminosa liderada por Rogério de Andrade e seu filho Gustavo de Andrade, e integrada por dezenas de outros criminosos, incluindo Ronnie Lessa, a operação Calígula prendeu 12 pessoas, de um total de 29 mandados de prisão. Outros dois alvos da ação já estavam na cadeia, entre eles o PM Márcio Araújo, suspeito de chefiar a segurança da organização, preso pela morte de Fernando Ignácio, que disputou com Rogério de Andrade o espólio do contraventor Castor de Andrade.
Houve ainda 119 de busca e apreensão, incluindo quatro bingos comandados pelo grupo. Foram alvos de denúncia um total de 30 pessoas, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo o MP, foram apreendidos 20 celulares, seis notebooks, um HD, R$48.251,20, $2.200 dólares, 4.420 pesos argentinos, 70 pesos uruguaios (todos em espécie), R$3.800 (em cheque), valores obtidos na casa de Cipriano. Também foram apreendidos diversos documentos, pendrive, chips, noteiros, máquinas de cartão, 211 máquinas de caça-níqueis, cópias de processos e componentes eletrônicos. Foram fechados dois bingos clandestinos na Barra da Tijuca e no Recreio, com apreensão de R$ 130 mil nos locais.
Na coletiva, o promotor Bruno Gangoni disse que o vazamento será apurado e admitiu que isso prejudicou a operação:
— Na casa do (Marcus) Cipriano encontramos cópias das decisões proferidas. Isso indica o vazamento da operação, e isso vai ser apurado em um momento. Claro que atrapalhou a operação.
Segundo o promotor Fabiano Cossermelli, as investigações se iniciaram em 2018, com a apreensão de um celular de Ronnie Lessa, e demonstraram que, desde então, a organização de contravenção só cresceu. Cossermelli descreveu a ação da delegada Adriana Belém, ex-titular da 16ª Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca), na liberação de máquinas de apostas apreendidas para Rogério de Andrade.
— A investigação começa a partir da troca de conversa entre o Ronnie (Lessa) e o (Marcus) Cipriano, e, posteriormente, com a reunião da delegada e do Camilo (Jorge Camillo Luiz Alves, ex-chefe de investigação da 16ª DP), a tratativa prossegue só com o Camillo. Quem aproximou a delegada foi o Cipriano — disse. — Por intermédio do Cipriano, houve uma reunião com o Camillo. É proporcional que o Lessa se encontrasse (lá), e houve a tratativa para a retirada das máquinas. Isso levou uns dias, e, após a retirada, houve uma cobrança para o Rogério (de Andrade) pagar a liberação das máquinas.
*Com O Globo