O presidente Jair Bolsonaro (PL), afirma que o Pix é uma ação do próprio governo e deverá explorar a ferramenta durante sua campanha de reeleição ao Palácio do Planalto. No entanto, segundo reportagem do UOL, documentos mostram que o Banco Central (BC) iniciou o processo de criação da plataforma em 2018, quando o órgão era chefiado pelo economista Ilan Goldfajn, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
O lançamento da ferramenta ocorreu no final de 2020. Reservadamente ao UOL, integrantes da equipe responsável pelo Pix no BC afirmam que, “em conceito, a ferramenta já existia desde 2016”, três anos antes de o economista Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro em 2019, assumir a presidência do órgão.
Em dezembro de 2016, Goldfajn sinalizava que o BC se laçaria uma ferramenta inspirada no Zelle, ferramenta similar ao Pix que a fintech Early Warning Services havia anunciado nos Estados Unidos.
Segundo um integrante de equipe responsável pelo Pix, o “BC é blindado de interferências políticas. Independente dos presidentes da República e do BC, o Pix seria aprovado por sua qualidade técnica”.
Em maio de 2018, quase seis meses antes de Bolsonaro ser eleito, o BC instituiu um grupo de trabalho denominado “Pagamentos Instantâneos”, que ficou encarregado de produzir especificações básicas do sistema que eventualmente se tornaria o Pix.
Roberto Campos Neto manteve como prioridade de sua gestão a agenda de modernização do sistema financeiro criada por servidores do BC e aprovada pela equipe liderada por Ilan Goldfajn um ano antes.
O modelo final do Pix foi divulgado em abril de 2020, quando o BC lançou consulta pública para receber contribuições da sociedade e aprimorar as regras da plataforma.
O BC emitiu a seguinte nota ao UOL: “Como outros projetos de grande porte, o Pix foi desenvolvido pelo BC ao longo de um processo evolutivo que envolveu várias áreas técnicas e diversos servidores. As especificações, o desenvolvimento do sistema e a construção da marca se deram entre 2019 e 2020, culminando com seu lançamento em novembro de 2020. A agenda evolutiva do Pix é permanente e prevê o lançamento de diversas novas funcionalidades, a serem entregues nos vários anos à frente”.
*Por DCM