Eles atearam fogo após a Justiça negar despejo e mandar retirar tratores que bloqueiam acesso dos sem-terra a água e alimentos.
Grileiros voltaram a atear fogo nesta quinta-feira (5) no acampamento Ana Primavesi, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), em uma terra pública na região do núcleo rural Rio Preto, em Planaltina, no Distrito Federal. O atentado foi cometido após uma decisão da Justiça local, que determinou a retirada de seus tratores e caminhões que desde sábado (30) bloqueiam o acesso dos sem terra a água e alimentos.
Ontem, o grupo, com apoio crescente de ruralistas, já havia reagido contra decisão do mesmo magistrado, que negou a eles pedido de despejo dos sem terra da área em disputa. Para o juiz Carlos Frederico Maroja de Medeiros, não se “regulariza” o que é absolutamente legal. “A necessidade de regularização denota, a rigor, situação de ilegalidade”. E hoje, determinou a retirada dos tratores estacionados diante do acesso à ocupação desde o último sábado, para impedir que os sem terra consigam buscar alimentos e água.
DE acordo com o MST no Distrito Federal, muitas pessoas sofreram queimaduras e ferimentos devido aos ataques criminosos. E uma mulher teve de ser levada para um hospital. A polícia esteve no local mas não tomou medidas para retirar os fazendeiros e seus tratores.
Desde sábado, 300 famílias da ocupação estão sendo reféns do crescente bloqueio de fazendeiros e grileiros, que reivindicam a posse da área e deixam as pessoas sem água e comida. Para incomodar e aumentar a intimidação, o grupo solta fogos de artifício com frequência.
Na última terça-feira (3), apoiadores do MST, advogados e parlamentares estiveram no local para mediar o conflito e negociar a passagem de um caminhão com mantimentos. Entre eles, os deputados federais Érika Kokay (PT-DF) e João Daniel (PT-SE). Mas os fazendeiros só permitiram a entrada de água e leite, vetando a passagem de uma série de gêneros alimentícios básicos, que não são suficientes.
A ocupação está localizada em uma área pública não regularizada, alvo de especulação imobiliária, onde as famílias sem-terra denunciam os agravos e exigem a retomada da política de reforma agrária no Distrito Federal.
“A área faz parte de um complexo de médias fazendas, todas em áreas públicas, há anos exploradas e vendidas ilegalmente por setores do agronegócio da região, cumprindo um papel que estimula a grilagem de terras públicas no DF”, disse Adonilton Rodrigues, da direção local do MST.
“Mesmo com o MST buscando uma negociação junto ao governo para resolver a questão, os fazendeiros seguem com os ataques”, afirma a direção do movimento no Distrito Federal, que pedem urgência aos órgãos competentes para que os criminosos cessem os ataques, antes que uma tragédia ainda maior aconteça.
*Com RBA