Assim como Trump, Bolsonaro tem procurado justificativas para contestar resultado eleitoral mesmo antes da votação.
As preocupações com o respeito às normas democráticas e outros pontos tem avançado conforme as eleições presidenciais se aproximam no Brasil, e tanto a derrota como uma eventual reeleição de Jair Bolsonaro não só afeta o país como outros países da América do Sul.
Tais preocupações constam de relatório elaborado pelo Washington Brazil Office, uma instituição independente que conta a participação de entidades como Greenpeace, APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Geledés, Instituto Marielle Franco, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Instituto Vladimir Herzog, entre outras.
A entidade alerta que Bolsonaro tem procurado qualquer tipo de justificativa para contestar os resultados da disputa eleitoral de outubro, mesmo antes de a votação ocorrer.
“Ele (Bolsonaro) continua fazendo isso porque Luiz Inácio Lula da Silva recuperou seus direitos políticos e está liderando as pesquisas na corrida eleitoral”, diz o documento, ressaltando que o atual presidente pode não aceitar os resultados da votação, assim como seu aliado Donald Trump fez nos Estados Unidos em 2020.
“Bolsonaro está criando condições para um ambiente eleitoral muito instável e, se ele perder, o mundo deve ter em mente o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA e deve estar preparado para testemunhar uma versão provavelmente mais extrema no Brasil”, alerta o dossiê, pedindo o fortalecimento das articulações que venham a garantir a liberdade de expressão como valor indispensável para o exercício da democracia.
O documento destaca ainda os ataques feitos “consistentemente” pelo governo Bolsonaro à democracia, liberdade de expressão e os direitos humanos, além do avanço da agenda pró-desmatamento e dos ataques às comunidades indígenas e quilombolas.
“Desde que assumiu o cargo, em 2019, o presidente Bolsonaro colocou em prática políticas que revelam os antidireitos, tendências antiambientais e autoritárias que ele manifestou publicamente desde a época em que foi um congressista”, diz o dossiê.
Enquanto isso, as taxas de desemprego atingiram máximas históricas no último ano, e a fome voltou a fazer parte da realidade de milhões de brasileiros, com o país de novo a figurar no Mapa Mundial da Fome sete anos após sua remoção. O dossiê destaca ainda que, se reeleito, “a má gestão econômica de Bolsonaro continuará prejudicando milhões de vidas no Brasil”.
*Com GGN