O depoimento de Jair Renan, o 04 de Jair Bolsonaro (PL) à Polícia Federal foi recheado de negativas diante das evidências confrontadas a ele. O filho do presidente garantiu aos policiais que pessoas, sem citar nomes, estavam usando seu nome para viabilizar ganhos pessoais. Ele negou ter intermediado negociações entre empresários e o Governo Federal, em troca de favores para sua empresa privada.
Segundo denunciou o jornal O Globo, durante o depoimento, Jair Renan afirmou que o motivo de ter aberto um escritório nas dependências do estádio Mané Garrincha foi para conseguir gravar vídeos para seus canais nas redes sociais e que o responsável por cuidar de toda a logística era o personal trainer Allan Lucena.
A PF questionou o 04 sobre sua viagem para o Espírito Santo, em setembro de 2020, para se reunir com empresários que teriam apresentado um projeto de casas populares e que gostariam de mostrar ao presidente. Dois meses depois, um deles conseguiu agenda com Rogério Marinho, que era ministro do Desenvolvimento Regional. Jair Renan esteve no encontro e, segundo ele disse aos policiais, “entrou mudo e saiu calado” e que esteve presente a convite de um dos participantes.
Mesmo sendo confrontado com gravações que mostram um dos empresários dizendo que ele seria um dos padrinhos do projeto, Jair afirmou que jamais foi procurado para intermediar a aproximação com o governo federal.
Uma das empresas participantes do encontro chegou a doar um carro elétrico, no valor de R$ 90 mil, para um projeto do personal Allan de Lucena. Jair Renan afirmou não ter conhecimento disso e o personal, disse à PF que realmente ganhou o automóvel, mas que devolveu após a repercussão do caso.
O Zero Quatro garantiu que não praticou qualquer irregularidade e que sua relação com as empresas era de permuta – ou seja, ele era ajudado em sua empresa em troca de dar visibilidade às marcas nas redes sociais. A PF segue investigando se Jair Renan teria facilitado a entrada de empresários junto ao governo federal em troca de vantagens, como a reforma de seus imóveis e compra de móveis para o local.
Conversas de WhatsApp intermediadas pela Polícia Federal mostram que o personal Allan de Lucena procurava empresários com este intuito. Ele e a arquiteta Tânia Fernandes chegaram a comentar sobre a busca ativa de patrocinadores e que ele faria a cotação da reforma e também de móveis e criaram o termo “bolsa móveis” e “bolsa reforma”.
Uma das empresas que concordou em patrocinar as reformas, vem recebendo, desde 2019, valores de contratos com o governo federal. Acumulados, os números chegam a R$ 25,4 milhões.
*Por DCM