Alckmin diz a grupo de esquerda que ‘governo cruel’ de Bolsonaro exigiu união com Lula

Alckmin diz a grupo de esquerda que ‘governo cruel’ de Bolsonaro exigiu união com Lula

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Indicado para ser vice do petista, ex-governador recebeu homenagem de juristas e advogados em um jantar em SP.

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin afirmou em um jantar em sua homenagem, na segunda (11), que já trocou “caneladas” em disputas eleitorais com o ex-presidente Lula. O governo “cruel” de Jair Bolsonaro, e a ameaça que ele representa à democracia, porém, exigiram de ambos a superação de divergências e a união em torno da defesa das liberdades e das instituições.

Alckmin será candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo petista.

“Os tempos mudam, as pessoas mudam e a história mudou. Temos hoje um governo [de Jair Bolsonaro] cruel com o povo, que não pode continuar”, disse ele a uma plateia de advogados e juristas que sempre se posicionou majoritariamente no campo da esquerda.

“Eu e Lula já disputamos [eleições]. Teve canelada. Mas o fato é que a democracia hoje exige que estejamos juntos, para somar, somar e somar. Sei da minha pequenez diante da grandeza do país, mas me incorporo a esse esforço cívico, a essa grande frente em benefício da democracia”, afirmou ele, sob aplausos.

“Há governos que são autocracias. ‘É o que eu [governante] quero’, acima da lei, à margem da lei. E há as democracias, que respeitam as instituições. As pessoas passam, mas as instituições ficam”, seguiu.
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Em seguida, elogiou os advogados: “Tão importante quanto as bandeiras erguidas são as mãos que as empunham. Fico feliz de estar com vocês, junto às suas mãos benfazejas”.

Foi a primeira vez que Alckmin se manifestou mais longamente sobre o processo que o levou a firmar uma aliança com Lula. O encontro foi na casa do advogado Pedro Serrano, e organizado também pelo advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, e por Fernando Guimarães, do Direitos Já.

Os dois pré-candidatos ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP) e Márcio França (PSB-SP), que devem apoiar Lula e Alckmin, também participaram da homenagem.

Alckmin chegou por volta das 20h30 ao encontro, e foi embora depois da meia-noite. Elogiado permanentemente pelos convidados, dedicou um tempo de conversa a praticamente todos eles, circulou pelas rodas tirou fotos com funcionários da casa

Em seu discurso, o ex-governador fez um histórico dos momentos em que as trajetórias dele e de Lula se cruzaram.

Começou afirmando que a vida pública “não é fácil”.

“Embora eu pareça zen, pois faço acupuntura há muitos anos, sempre atendi ao chamado da responsabilidade e trilhei caminhos que não eram fáceis”, afirmou.

Ele lembrou que nos anos 1970, em plena ditadura militar, políticos respeitados de Pindamonhangaba, onde nasceu e começou sua carreira pública, acabaram aderindo à Arena, o partido que sustentava o regime fardado.

Já ele foi candidato a vereador “pelo Manda Brasa [apelido do então MDB, partido que se opunha à ditadura]”. Depois, se elegeu prefeito da cidade.

*Mônica Bergamo/Folha

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