Investigação foi aberta no âmbito da Superintendência da Polícia Federal no DF e não tem pessoas com foro privilegiado até agora.
A Polícia Federal abriu, na quinta-feira (24/3), um inquérito para investigar possíveis irregularidades cometidas por pastores evangélicos que instalaram uma espécie de “gabinete paralelo” no Ministério da Educação (MEC) para negociar a liberação de verbas a prefeituras.
Segundo apurou a coluna, o inquérito foi aberto no âmbito da Superintendência da PF no Distrito Federal. Entre os investigados, não há ninguém com foro privilegiado até o momento, o que exclui a possibilidade de o ministro Milton Ribeiro ser alvo desta apuração específica, por enquanto.
O inquérito foi aberto pela PF com base em denúncia encaminhada pela Controladoria-Geral da União (CGU). Em entrevista à CNN Brasil na quarta-feira (23/3), Milton Ribeiro contou que havia acionado a CGU para investigar denúncia de possível irregularidade na conduta do pastor Arilton Moura.
Prefeitos de diversos municípios têm acusado Arilton e o pastor Gilmar Silva dos Santos de cobrarem vantagens indevidas de prefeitos para facilitar a liberação de verbas no âmbito do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao MEC. Entre as vantagens, estariam dinheiro e até ouro.
No mesmo dia da entrevista do ministro, a CGU informou ter aberto uma primeira investigação, na qual teria constatado “possíveis irregularidades cometidas por terceiros”, sem envolvimento de agentes públicos. Depois disso, o órgão disse ter encaminhado os autos à PF para investigar possível crime de oferta de “vantagem indevida”.
O esquema foi revelado inicialmente pelo jornal O Estado de S. Paulo, na semana passada. Segundo a reportagem, o MEC priorizou prefeituras cujos pedidos de liberação de verba do FNDE foram negociados pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que nunca tiveram cargo oficial no ministério.
Em áudio revelado na sequência pelo jornal Folha de S. Paulo, o próprio ministro da Educação diz que o direcionamento por meio desses dois pastores teria sido “um pedido especial” do presidente Jair Bolsonaro. A informação foi negada por Ribeiro em nota à imprensa.
Milton Ribeiro investigado
Embora não seja alvo da apuração aberta pela PF ontem, Milton Ribeiro será investigado em outro inquérito sobre o assunto, autorizado na quinta-feira (24/3) pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido atende a uma solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
*Com Metrópoles