Quando se analisam períodos mais longos – por exemplo 2014 em relação a 2021 -, percebe-se incremento nas importações da Rússia, mas aumento pouco expressivo nas exportações.
É evidente que a questão comercial não foi a pauta central da visita de Jair Bolsonaro à Rússia.
De um lado, foi uma maneira de Bolsonaro tentar mostrar que não virou um pária internacional. De outro, conversas pouco explicadas sobre segurança digital, em um momento em que o general Braga Netto, Ministro da Defesa, se torna a maior ameaça às eleições.
Em termos de importação, o produto russo mais adquirido pelo Brasil são adubos. Em 2021 foram US$ 3,5 bilhões, um aumento substancial em relação aos 1,8 bilhão de 2020 – alta de 97,7%.
Aliás, a dependência do Brasil de insumos agrícolas é uma história continuada de como tudo, por aqui, acaba se tornando negócio.
Nos anos 90, uma fábrica de defensivos da Petrobras foi privatizada em cima de uma jogada de redução de preços. Havia uma crise pontual na Rússia, depois do fim da União Soviética. Com problemas de caixa, a Rússia inundou o mercado internacional de produtos, derrubando os preços. Apesar de ser uma baixa ocasional, tornou-se como base para a definição do valor da empresa privatizada.
Mais tarde, a Petrobras foi obrigada a construir outras fábricas que, agora, voltam a ser privatizadas.
O segundo produto mais importado pelo Brasil é ferro e aço – de baixo valor, US$ 537 milhões, mas com aumento de 616,6% em relação a 2020. O terceiro é carvão e coque, o quarto é petróleo e o quinto é metais não ferrosos.
Como se vê, uma pauta de importações extremamente pobre, só com produtos primários.
Do outro lado, os cinco produtos mais exportados pelo Brasil para a Rússia são a soja, carne, café, açúcar e um naco de máquinas e aparelhos especializados.
Quando se analisam períodos mais longos – por exemplo 2014 em relação a 2021 -, percebe-se incremento nas importações da Rússia, mas aumento pouco expressivo nas exportações.
As importações de adubos mais que dobraram e as de ferro e aço e carvão quadruplicaram.
Por outro lado, houve aumento de 52,8% nas exportações de soja, uma queda de 86,8% em carne e de 76,3% em açúcar.
*Publicado no GGN