Um dos maiores entusiastas do projeto na Câmara, Luiz Nishimori teve todas as doações vindas de figuras do agronegócio.
Brasil de Fato – O deputado federal Luiz Nishimori (PL-PR), relator do chamado “Pacote do Veneno”, recebeu R$ 380 mil de empresários e executivos do agronegócio na campanha que o levou à Câmara dos Deputados, em 2018. O Projeto de Lei (PL) 6299/2002 pretende flexibilizar ainda mais o uso de agrotóxicos no país.
Todas as 10 doações individuais recebidas por Nishimori na campanha eleitoral provêm de figuras ligadas ao setor. A informação foi extraída pelo Brasil de Fato no DivulgaCand Contas, plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e cruzada pela reportagem com informações públicas.
As doações ocorreram dentro da lei, e estão registradas na Justiça Eleitoral. A maior delas, de R$ 80 mil, foi feita por Anildo Kurek, sócio da FTS Sementes e da Elaine Agropecuária. Outros cinco empresários do agro doaram R$ 50 mil, e quatro pagaram R$ 25 mil à campanha do deputado federal.
Nishimori ainda recebeu outros R$ 2 milhões da Direção Nacional de seu partido, o PR. Depois, a sigla mudou de nome para PL e passou a abrigar o presidente Jair Bolsonaro. O Brasil de Fato enviou e-mail ao gabinete do deputado às 19h10 desta quarta para verificar se o projeto de lei aprovado na Câmara é apoiado por seus financiadores. E, ainda, se ele considera que existe algum conflito de interesses por ter sido relator da matéria. Até o momento, não houve resposta.
Doações para a campanha do relator do Pacote do Veneno, o deputado Luiz Nishimori (PL-PR). Elaboração: Brasil de Fato. Fonte: Transparência.CC, DivulgaCand Contas (TSE) e Receita Federal • Consultado em 9 de fevereiro de 2021.
Votação na Câmara
Um pedido de urgência, em que Nishimori é um dos signatários, e o texto-base do projeto foram aprovados na noite desta quarta-feira (9) na Câmara. Agora, a pauta vai ao Senado. O avanço da pauta se soma ao cenário preocupante em com mais de 2 mil agrotóxicos liberados nos últimos quatro anos, durante a gestão de Jair Bolsonaro, um recorde negativo para a saúde humana e para o meio ambiente.
O projeto original é de 2002, do então senador Blairo Maggi, que depois chegou a ser ministro da Agricultura do governo Michel Temer (MDB). Nishimori diz que a lei dos agrotóxicos está “ultrapassada”. O projeto tem apoio da Frente Parlamentar Agropecuária, da qual ele é um dos membros.
Nishimori vendeu agrotóxicos no Paraná
No final da última legislatura da Câmara dos Deputados, em julho de 2018, o portal De Olho Nos Ruralistas mostrou que Nishimori vendeu durante anos pesticidas em Maringá, Marialva e Luiziana, no noroeste do Paraná. Na ocasião, ele já relatava o PL do Veneno.
A reportagem apontou que o deputado já foi presidente da Mariagro Agrícola Ltda. Outra empresa, a Nishimori Agrícola, está em nome de dois filhos seus. O Tribunal de Justiça do Paraná considerou, em 2015, que as empresas da família pertencem ao mesmo grupo.