Há uma vontade nacional em torno de Lula. Por Emir Sader.

Há uma vontade nacional em torno de Lula. Por Emir Sader.

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As pesquisas se sucedem, entra ano e sai ano, e repetem praticamente os mesmos resultados. Bolsonaro despencou e fica lá embaixo, bem acima dos da terceira via, mas mais longe ainda do Lula. Moro não mudou o quadro do montão de candidato da terceira via: ele é um a mais a se somar àquele grupo de pré-candidatos que, quanto mais acrescenta nomes, menos possibilidades tem de sair de lá de baixo.

O fator constante tem sido o favoritismo do Lula. Sempre acima dos 40%, chegando perto dos 50%, com 40% de apoio em pesquisa espontânea; se projeta não apenas como provável ganhador, mas também por poder se eleger já no primeiro turno.

A candidatura do Lula já não é apenas um fenômeno eleitoral – embora tenha muito mais apoio que em todas as outras vezes que se candidatou. Ele havia perdido duas vezes para o FHC no primeiro turno e, quando ganhou, sempre o fez no segundo turno.

Hoje o fenômeno do Lula no Brasil é muito mais que uma candidatura favorita a presidente do Brasil. É mais do que a única via para que finalmente o ‘Fora Bolsonaro’ se realize. É mais do que a única possibilidade de retomar a esperança no país, a única alternativa para a restauração da democracia no Brasil.

Mais do que tudo isso, depois da nossa realidade como país e como nação ser estraçalhada com o rompimento da democracia. Quebrou-se ali uma decisão democrática majoritária do povo pelo segundo mandato da Dilma. Quebrou-se a vontade nacional de continuidade dos governos do PT.

O país deixou de ter mecanismos para recompor essa vontade nacional que se expressa nas decisões democráticas do povo. Ficou estilhaçado entre os projetos que atentavam contra os interesses nacionais e democráticos, dos quais a Lava Jato foi o mais expressivo. Aprofundou-se a quebra da vontade nacional, destroçada em meio a projetos de reapropriação do Estado pelos interesses privados e impotentes lutas de resistência popular.

Quem poderia encarnar a recomposição dessa vontade nacional foi preso, processado, condenado, impedido de voltar a ser o presidente que o Brasil necessitava imperiosamente.

Depois dos 5 anos mais trágicos da história do Brasil, o horizonte volta a se configurar para que o país volte a ser uma democracia, para que volte a ser uma nação, para que volte a ter uma vontade nacional.

A forma como a projeção do Lula na vida política e na esperança das pessoas foi se consolidando – da qual as pesquisas são apenas uma expressão – foi reconstruindo uma vontade nacional em torno do Lula. Pelo que representou no passado, pela sua trajetória ao longo de toda sua vida, mas também por estes últimos anos tão turbulentos. Pela dignidade com que encarou a prisão e conseguiu provar sua verdade com sua própria pele.

E pela forma como hoje se projeta como o resgate da esperança e da vontade nacional. As suas manifestações, suas viagens pelo mundo, a forma como voltou a se relacionar com o povo, as adesões cada vez mais amplas à sua candidatura, sua liderança como única direção nacional capaz de nos tirar da catástrofe a qual a direita jogou o país, ao programa que ele vai desenhando aos poucos para superar a pior crise que já vivemos – tudo isso vai configurando uma verdadeira vontade nacional em torno do Lula.

E Lula não é o candidato do PT ou da esquerda. Lula é o candidato da democracia, o candidato nacional, o candidato da esperança, o candidato do Brasil. Estar com o Lula não é simplesmente aderir a uma candidatura. Quando alguém se manifesta que vai votar em Lula, não expressa simplesmente o seu voto, mas se soma a esse gigantesco movimento de reconstrução de uma vontade nacional em torno do Lula. Quer dizer: Eu também estou nessa, não poderia estar fora, não vejo alternativa, me somo ao Lula como forma de retomar a esperança no Brasil.

Lula expressa a única possibilidade de reconstrução de uma vontade nacional. Seu destino está indissoluvelmente ligado ao destino do Brasil, da sua democracia e do seu futuro. Aderir ao Lula não é um ato de favor político, que pede contrapartidas em eleições estaduais ou outras. É um ato de adesão ao único projeto nacional hoje no Brasil. É a adesão a uma candidatura que não é de um partido ou de uma aliança de partidos. É uma candidatura do Brasil.

Para que voltemos a gostar do nosso país, para que voltemos a nos orgulhar de sermos brasileiros, para que voltemos a ser donos do nosso destino: Lula é a expressão da reconstrução de uma vontade nacional que se aglutina em torno dele.

*Publicado no Carta Maior

 

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