O Brasil do presidente Jair Bolsonaro voltou cem anos na história, aos tempos dos coronéis e da semiescravidão, do país agrário, sem infraestrutura, desindustrializado. Imagine-se no ano de 1921.
“Se puder apagar uma luz na tua casa apaga, eu peço por favor. Não use elevador. Tomar banho é bom, mas se puder tomar banho frio é muito mais saudável, ajuda o Brasil. A gente pede a Deus que agora em novembro, final de outubro, venha chuva para valer no Brasil. Para que a gente não tenha problema no futuro, que podemos ter problema no futuro”, implorou Bolsonaro nesta quinta (23/09) durante a live semanal.
Não é verdade que somente a crise hídrica, a fala de chuva, que ameaça os brasileiros de apagão. A culpa é do governo que desinvestiu e privatizou companhias de energia. O mesmo fenômeno vivem governos estaduais e municipais que privatizaram companhias de água e esgoto, a exemplo da Sanepar, no Paraná, que deixou de investir na captação, tratamento e distribuição de água para maximizar lucros de sócios privados e fundos de especulação.
As tarifas de água e luz, embora esses insumos estejam em racionamento, continuam subindo para garantir o lucro dos parasitas –que o governo carinhosamente os chama de acionistas.
Ademais, nas cidades da região do Sul, onde as temperaturas são baixas, é impossível dar ouvidos atender ao pedido presidencial de tomar banho frio.
“Até faço um pedido para você agora. Se tem uma luz acesa a mais na tua casa, por favor apague. Nós estamos vivendo a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. Se você puder apagar uma luz na tua casa, se puder desligar o teu ar condicionado. Se não puder —está com 20 graus?— passa para 24 graus, gasta menos energia”, insistiu na mentira Bolsonaro na transmissão de ontem.
Além do apagão de energia, que traz de volta a luz de vela, e falta de água nas torneiras, que resgata o velho poço no quintal, os brasileiros desempregados e sem renda estão recolhendo gravetos para cozinhar o pouco que tem; ao invés do gás de cozinha, entra em cena o fogão a lenha, os acidentes com queimaduras; ao invés do elevador, a volta das escadas [imagine um prédio de 66 andares, como o Infinity Coast, de Balneário Camboriú, em Santa Catarina].
A carestia é outro momento triste proporcionado pelo governo Bolsonaro: as pessoas passam fome, não tem dinheiro para a cesta básica, e são obrigado a disputar ossos e carcaças nos açougues e frigoríficos.
Bolsonaro deu marcha à ré de 100 anos na história do Brasil.
*Por Esmael Morais