Apontam um “boicote” aos atos, acusando o ex-presidente Lula e seus apoiadores de terem passado a não querer mais o impeachment depois de as últimas pesquisas mostrarem que Lula bate Bolsonaro em todos os cenários em 2022.
É possível até que, lá no fundo do coração, alguns petistas torçam por essa possibilidade, mas não tem fundamento ou lógica política achar que o PT, o Psol e os movimentos e eles ligados irão agora desistir do discurso do impeachment.
Tanto não é assim que estão programando uma manifestação para dia 2 de outubro, e trabalham para que seja grande. Vão convidar todos os setores.
Ainda que o quadro da disputa com Bolsonaro possa parecer mais fácil para Lula hoje, os articuladores do seu lado sabem que abandonar a defesa do impeachment representaria um sério abalo de imagem, uma desconexão com os anseios da maioria da população, que hoje, segundo as pesquisas, quer ver o presidente da República pelas costas.
A mobilização, portanto, vai continuar. Até porque tornar o impeachment realidade não está em suas mãos – mas nas do Centrão, e aí são outros quinhentos.
A ausência no último domingo era a atitude óbvia num protesto convocado pelo MBL.
Ou alguém esperava ver Lula no carro de som ao lado do “pixuleco” em que aparece vestido de presidiário e abraçado a Bolsonaro?
Ao responsabilizar o PT pelo fracasso de suas manifestações, a centro direita da terceira via, que conseguiu criar um fato político reunindo os principais pré-candidatos num mesmo palanque, passa um recibo péssimo para sua própria reputação: assume que quem tem o poder de mobilizar as ruas são os petistas e seus aliados.
Como, cinco dias antes, Bolsonaro também mostrara essa capacidade, a conclusão que se tira é de que a terceira via é ruim de rua – o que não é nada bom para quem quer ter um candidato competitivo à presidência.
*Por DCM