O saco do chefe é o corrimão da glória, diz o ditado popular. Que o diga o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), empenhadíssimo em agradar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas vésperas da queda do mandatário.
Lira seria um dos beneficiários com a cassação de Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga ações de abuso de poder econômico e de fake news da campanha de 2018. Abstraia-se o fato de o parlamentar ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo juristas, o impediria de assumir o Palácio do Planalto.
Dito isso, a despeito da comissão especial rejeitar, o presidente da Câmara dos Deputados disse que a decisão sobre a proposta de emenda constitucional que torna obrigatório o voto impresso será tomada pelo plenário da Casa. Segundo Lira, a proposta é polêmica e tem dividido o País, e, por essa razão, é preciso da análise dos 513 deputados para uma definição. Para ele, “a disputa já foi longe demais”.
A princípio, a rediscussão do voto impresso agrada muito ao presidente Jair Bolsonaro. A princípio, porque Brasília é cheia de ilusões… e fidelidade não é a regra na política.
Na sexta-feira (06/08), Lira minimizou a derrota do voto impresso dizendo que, pelo Regimento Interno, as comissões especiais têm caráter opinativo e não terminativo e, portanto, o relatório seria apenas uma sugestão a ser analisada pelo plenário.
“Não há nada mais amplo e representativo do que o Plenário se manifestar, só assim teremos uma decisão inquestionável. O Plenário é a expressão da nossa democracia e vamos deixá-lo decidir”, afirmou.
Segundo Lira, a decisão de levar a PEC do voto impresso para o plenário da Câmara garante a tranquilidade [de Bolsonaro] para as próximas eleições. “Para que possamos trabalhar em paz até janeiro de 2023, vamos levar o voto impresso para o Plenário para que todos os parlamentares possam decidir, estes que foram eleitos pelo voto eletrônico, diga-se de passagem”, disse.
Lira disse para não contar com sua participação em qualquer tipo de ação que rompa com a independência e harmonia entre os poderes. Ele reafirmou que vai continuar no caminho da institucionalidade e da defesa da democracia.
A comissão especial que analisou a proposta de voto impresso (PEC 135/19) recomendou na noite de sexta que o plenário rejeite o texto. O parecer elaborado pelo relator, deputado Raul Henry (MDB-PE), foi aprovado por 22 votos a 11. No entanto, o Arthur Lira insiste em puxar o saco de Bolsonaro.
O saco do chefe é o corrimão da glória.
*Por Esmael Morais