Se alguém desconfiar que alguém armaria algo fake para se promover, fazendo mais de cinco fraturas no próprio rosto, talvez esteja carente de senso de realidade. Mas, poderia questionar, um presidente não se elegeu levando uma facada? É justamente aí que mora a questão.
Joice Hasselmann, poucos dias antes de ser espancada, em entrevista, declarou que Bolsonaro teria dito a ela, durante a eleição, que se levasse uma facada estaria eleito. Hasselmann era líder do governo Bolsonaro no congresso, tendo sido eleita na esteira do bolsonarismo grosso e exerceu posto de coordenação na eleição do próprio “esfaqueado”.
Para piorar, Hasselmann tem uma relação teoricamente aberta com seu marido e tem histórico de ter usado garotos de programa em filmes de sua campanha. Obviamente, não é problema algum a relação aberta com o marido, o que é mais comum do que pensam as pessoas mais tacanhas. Na verdade, a questão é que se ela não lembra de nada, absolutamente nada do que aconteceu, somente de acordar com diversas lesões pelo corpo, incluindo costelas, coluna e face, certamente ela foi dopada. A pergunta é, dopada por quem?
Hasselmann pode naturalmente ter sofrido um “boa noite Cinderela” e ter sofrido um “corretivo” de um inimigo político, já que nenhum garoto de programa ou pessoa comum faria isso com uma deputada federal, a não ser por encomenda. Nesse momento, a deputada vem da assinatura de um pedido de impeachment do presidente Bolsonaro, que conseguiu unir esquerda e direita, de forma inédita no país.
Então, retomemos a entrevista. Suponhamos que Joice saiba bem mais do que disse ao DCM. Qual seria a reação do grupo político de Bolsonaro, cujo governo defende um torturador tido como um dos piores seres humanos que já viveu no Brasil? Qual seria a reação de uma família que tem relações íntimas com milicianos que executaram uma vereadora por questões puramente de ódio político? Então, a pergunta surge. Na sua opinião, Bolsonaro não mandaria dar um corretivo em uma deputada que sabe demais sobre ele?