O general Walter Braga Netto, ministro da Defesa, acabou virando uma espécie de “bucha de canhão” na imaginária guerra do voto impresso, que acabou beneficiando o ambicioso Centrão. A verdadeira guerra sempre foi pela boquinha no governo.
Como resultado prático disso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viu ambiente para demitir um militar da Casa Civil, general Luiz Ramos, para alçar ao cargo o senador Ciro Nogueira (PP-PI) –prócer do Centrão.
Em tempos de ‘ossos’ para os famintos, Braga Netto deve ganhar como recompensa uma convocação para depor na Câmara e o Supremo Tribunal Federal (STF) tende a inquiri-lo sobre a ameaça de não realizar as eleições em 2022. Ou seja, o ministro foi usando numa batalha cujo vencedor já era sabido: o Centrão.
Nem o presidente Jair Bolsonaro acredita de verdade que o voto impresso vá mudar o resultado nas urnas, embora ele faça disso um pretexto para justificar uma derrota que se avizinha em 2022.
Segundo os institutos de pesquisas sérios, o ex-presidente Lula pode vencer a disputa do ano quem no primeiro turno.
Como resultado prático da estultice de Braga Netto, que foi usado pelo presidente e pelo Centrão, o voto impresso ficou em segundo plano porque, em tese, o Centrão daria a segurança ao mandatário que as urnas eletrônicas supostamente não dariam [leia-se ausência de votos].
Há um consenso no mundo político de que os militares estão perdendo a guerra o Centrão e a batalha do voto impresso seria reflexo disso.
Não cabe aos militares manifestações políticas, segundo a Constituição Federal. No entanto, os generais têm sido recorrentes no ataque à democracia, às instituições, e até mesmo à CPI da Pandemia. Muitos militares foram citados na comissão de investigação no Senado.
Braga Netto é exemplo deplorável de parte das Forças Armadas. Transformou-se num exército bolsonarista, desmoralizado, e atrás de boquinhas; a sociedade brasileira tinha outra imagem dessa fração de militares. Agora, felizmente, sabe que não existe salvador da pátria e que esta nação precisa de um projeto nacional, que Bolsonaro não tem condições de lhe entregar.
Alvíssaras, portanto!
*Por Esmael Morais