O depoimento de Cristiano Alberto Carvalho, vendedor da empresa Davati Medical Supply no Brasil, ajudou os senadores da CPI da Pandemia a traçar um perfil dos implicados no pedido de propina na compra de vacinas pelo governo federal: militar e evangélico.
“Coincidentemente”, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem privilegiado auxiliares “terrivelmente evangélicos” e militares da ativa e da reserva de diversas patentes hierárquicas.
Segundo o depoente, a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), ONG presidida pelo reverendo Amilton Gomes, utilizou o Instituto Força Brasil como “intermediário” para chegar ao alto escalão do Ministério da Saúde.
“O Instituto Força Brasil foi o braço que a Senah utilizou para chegar frente a frente com Élcio Franco”, disse o representante da Davati.
O coronel da reserva do Exército Antônio Elcio Franco foi secretário-executivo da pasta na gestão do general Eduardo Pazuello.
De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, o Instituto Força Brasil patrocina redes que divulgam fake news sobre o enfrentamento à pandemia.
Durante o depoimento, Cristiano Alberto Carvalho declinou nomes de militares lotados no governo federal e de evangélicos, sejam religiosos ou profissionais.
O representante da Davati apontou o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-diretor-substituto de Logística do Ministério da Saúde, como elo importante entre a Davati e a pasta.
Cristiano Alberto Carvalho admitiu à CPI que sabia sobre o suposto pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina. O esquema seria em cima de 400 milhões de unidades, o que renderia cerca de R$ 2 bilhões para os atravessadores.
“Primeira vez que veio diretamente a mim, sobre, ah, o nome do Robero Ferreira Dias envolvido nisso foi, acredito eu, que no dia 12 de março, na minha vinda até aqui (Brasília). Estávamos na Senah [ONG evangélica que participou das conversas]”, afirmou o representante da Davati.
*Por Esmael Morais